O governador Silval Barbosa (PMDB) tenta hoje em Brasília uma última cartada para ver confirmadas duas importantes ações relacionadas com a Copa do Mundo de 2014 que tem uma de suas sedes em Cuiabá. Primeiro os recursos de obras complementares de mobilidade urbana através do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), que foram suspensas após as dades que levaram à queda de todo o Ministério dos Transportes e de seus órgãos auxiliares, e a opção de sua administração pelo sistema de transporte por Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que sofre pressão em Brasília para ser descartado pelo Bus Rapid Transit (BRT).
Na questão do transporte coletivo as opções são mais difíceis e provavelmente a opção será pelo BRT. Já quanto aos R$ 380 milhões em obras complementares que preveem as passagens de nível e viadutos nos principais corredores do transporte de massa, a decisão caberá agora à presidente da República, Dilma Rousseff. Na última audiência com o ministro Paulo Sérgio Passos, o mesmo que interinamente autorizou as obras, o governador foi informado que a decisão agora estava restrita à presidência da República.
Estes recursos são além dos quase R$ 500 milhões previstos para a implantação do BRT, opção inicial, posteriormente trocada pelo VLT, mas se forem cortados vão comprometer ainda mais as obras relativas à Copa do Mundo de Futebol. Quando da troca do governo Luiz Inácio Lula da Silva por Dilma Rousseff, já havia a discussão se as obras de competência do Dnit seriam ou não executadas, exigindo do governador Silval Barbosa e do senador Blairo Maggi (PR) a intervenção junto à presidente, que voltou a confirmar os entendimento e determinou o início do processo burocrático de licitação das obras que tratam das BR 163/364/070 entre Rondonópolis que seria duplicada até o distrito de Posto Gil, 120 km passando por Cuiabá e Várzea Grande.
Após a crise nos Transportes, e os esclarecimentos do senador e ex-ministro, Alfredo Nascimento de que os recursos não estariam garantidos, voltaram os temores de um possível corte nos empréstimos do governo federal, o que acabaria por prejudicar a execução de obras consideradas essenciais, que são as relacionadas à mobilidade urbana e que têm uma previsão estimada da ordem de R$ 1 bilhão, segundo levantamentos da Agecopa.
Quanto ao sistema de transporte coletivo, o governo federal sinalizou pela manutenção do BRT, sob justificativa do mesmo ser menos oneroso para os cofres públicos e por já ter projetos para as obras aprovados pela Caixa Econômica Federal (CEF). Mas o governador Silval Barbosa fará gestões quanto ao volume ainda desconhecido das desapropriações que o sistema de transporte provocará nas principais ruas de Cuiabá e Várzea Grande e que estariam estimados, sem cálculos oficiais, em cerca de R$ 1,6 bilhão.
Parte dos comerciantes do centro de Cuiabá protestam hoje diante da possibilidade do Estado abortar as obras do VLT e promover a implantação do BRT, o que aconteceria na contramão das evoluções que acontecem hoje nos principais modelos de transporte coletivo de massa na maioria dos países do mundo.
Em que pese o VLT ser mais moderno, o mesmo ainda não teria projeto executivo definido e uma estimativa de custo total da obra orçada em R$ 1,1 bilhão, que, no entanto, não leva em consideração o volume de custo das desapropriações, em relação ao BRT.