Mesmo já tendo declarado que pretende fazer com que o PT discuta a possibilidade de apoiar a candidatura de Mauro Mendes, do PSB, ao Governo, a senadora Serys Slhessarenko vem sofrendo um duro assédio por parte do PMDB do governador Silval Barbosa. Assessores confirmaram que ela manteve um encontro com Barbosa no último final de semana, mas que a tônica da conversa foi discutir a questão envolvendo as denuncias de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) na aquisição de máquinas pelo programa MT 100% Equipado.
“É óbvio que eles conversaram sobre política” – disseram. Silval teria ofertado a senadora petista a possibilidade dela compor a chapa majoritária, mas a ela recusou. Serys reafirmou ao peemedebista sua posição de não disputar as eleições de 2010 e só apoiar aqueles que a apoiaram, com candidaturas a deputado federal e a deputado estadual. A senadora afirmou que seu objetivo neste momento é continuar o mandato, ajudando o Estado na busca de mais desenvolvimento.
Silval tem dito a interlocutores que Serys seria a melhor candidata a vice. Ela como vice solucionaria o problema criado por Abicalil e seu grupo com a decisão de ir às prévias pela vaga do partido para disputar o Senado. Mas o próprio Silval considera difícil convencê-la a mudar de posição. O racha no PT é profundo. Dentro da sigla não existe clima para entendimentos. Pelo contrário. O presidente do PT em Cuiabá, Vilson Aguiar, por exemplo, acha que o partido perdeu com a disputa e corre o risco de não ter sequer representação federal.
Esta semana, o deputado Saguas Moraes chegou a ensaiar a possibilidade de representar contra o duro discurso proferido pela senadora do PT, que classificou o grupo liderado por Abicalil como sendo “desleal”. Na ocasião, Serys chegou a mencionar as estreitas ligações do grupo com os “aloprados” incrustrados na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e também o uso da Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Aguiar respondeu com firmeza a ameça: “Ele não tem moral para fazer isso” – disse.
A decisão do PT sobre que caminho tomar acontecerá no dia 23 próximo. É dado como certo que a sigla deverá firmar apoio a candidatura de Silval Barbosa. O diretório do PT é controlado por Abicalil e pelo deputado Saguas Moraes, além do suplente Alexandre César – a chamada “Trinca do PT”. Juntos, controlam mais de 60% do PT. Eles também são defensores do chamado “chapão” das proporcionais, que deverá restringir o ímpeto dos pré-candidatos a deputado inscritos para as eleições.