O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) confirmou que seu filho, Rodrigo Barbosa, recebeu em torno de R$ 400 mil de propina da empresa Webtech Softwares e Serviços, do empresário Júlio Tisuji. No entanto, ele não faria parte da organização criminosa comandada por Silval, segundo o próprio ex-governador. As declarações foram prestadas durante oitiva à juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, na segunda-feira (17) quando ele confessou que existia uma organização criminosa e admitiu ter recebido pelo menos R$ 7,2 milhões em propina em apenas um dos esquemas que foi investigado na 2ª fase da Operação Sodoma.
Segundo Silval, seu filho Rodrigo recebeu a propina diretamente das mãos do ex-secretário de Administração, Pedro Elias. "Ele me afirma, ele não conversou com o Julio, ele não conversou com absolutamente ninguém dentro do governo, exceto com o Pedro Elias. Ele me fala que recebeu em torno de R$ 380 a R$ 400 mil ao longo do contrato de 2011 a 2014”, disse.
Ainda de acordo com Silval, Rodrigo Barbosa não era ninguém "dentro do governo" muito menos dentro do esquema e a ideia de cobrar propina da Webtech teria partido da própria "amizade" entre Pedro Elias e Rodrigo.
No entanto, Rodrigo nunca teria tido contato com nenhum empresário para a exigência de propina, muito menos com o empresário Tisuji, que teria pago propina para manutenção de um contrato de serviços de organização do acervo documental dos benefícios de aposentadorias e pensões, ativos e cessados do Estado.
“O Pedro Elias conversou com ele [Rodrigo]. Ele tem alguma denúncia que fala que o Rodrigo era uma pessoa dentro do governo que fazia contato com empresários e passava para o Pedro Elias. Ele absolutamente nunca conversou com nenhum empresário, ele me afirma isso, que as conversas que ele tinha eram com o Pedro Elias e ele nunca me falou também, veio me falar depois do governo. Pela amizade que eles tinham, eles conversaram e viram uma possibilidade de ter uma vantagem nisso aí, que vinha fazendo com o Cesar Zílio, e falou e ele entrou infelizmente ele entrou nessa”, disse Silval.
O ex-governador afirmou ainda que seu filho não teve conhecimento da propina de R$ 7 milhões que ele teria recebido do empresário Willians Mischur, dono da Consignum, empresa que gerenciava os empréstimos consignados dos servidores públicos.
“O Rodrigo não tinha conhecimento desse negócio dentro do governo. Nunca eu falei pra ele de nada, ele não tinha conhecimento de nada da Consignum”, encerrou.
Este foi o primeiro depoimento de Silval depois que ele deixou a prisão no dia 13 de junho e decidir confessar seus crimes. Nesta quarta-feira haverá outro depoimento dos crimes de corrupção cometidos durante seu governo, entre 2011 e 2014.