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Silval Barbosa mostra carta de Nadaf pedindo desculpas e dinheiro

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O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) retomou, esta tarde, depoimento à juíza da Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda. Ele iniciou afirmando que o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, sabia de quase todas as dívidas que tinha da campanha e outras Silval sempre pedia ajuda.

A juíza questionou o valor total das dívidas do ex-governador e ele nega saber o valor exato. Silval afirmou que foi Pedro Nadaf quem identificou na Tractor Parts, de João Batista Rosa, a oportunidade de obter um “retorno”, ou seja, propina em troca da concessão de incentivos fiscais por meio do Programa de Desenvolvimento Econômico, Industria e Comercial Prodeic.

O ex-governador negou ter conversado com o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, sobre suas dívidas de campanha e nega que tenha sido procurado pelo empresário João Rosa, que teria lhe falado que ajudou com doação de campanha. Segundo Silval, ele só teve um contato, mas o encaminhou para Marcel de Cursi. Também nega ter coagido João Rosa.

Ele também negou ter tido conhecimento de contratos fictícios da empresa de Pedro Nadaf – NBC Consultoria – nos esquemas. Nadaf mandou uma carta a Silval pedindo desculpas e dinheiro para pagar advogado. Silval Barbosa negou ter dado ordem a Pedro Nadaf para cobrar propina de João Rosa. Em consequência, ele disso que a denúncia contra ele não é verdadeira.

Ele afirmou que quando esteve na prisão recebeu uma carta de Pedro Nadaf pedindo desculpa por tê-lo envolvido nesta situação. "Chefe, estou tão envergonhado por esta situação. Gostaria de pedir um favor de pedir um dinheiro para conseguir um advogado. Tentei com uns amigos, mas não consegui", diz trecho da carta, que foi lida pela juíza.

Ao ser questionado sobre a participação de cada réu no esquema, Silval imputou a responsabilidade no esquema de incentivos fiscais a Pedro Nadaf e Marcel de Cursi. Ele isentou seu ex-chefe de gabinete, Sílvio César Corrêa Araújo, e disse desconhecer a participação de Karla Cecília Cintra, ex-secretária de Pedro Nadaf na Fecomércio.

“Nadaf conhecia todos os problemas que eu tinha para resolver e me ajudava em quase tudo o que podia", disse Silval, que confirma que era o ex-secretário responsável por ajudá-lo a pagar suas dívidas com dinheiro de propina.

A promotora Ana Cristina Bardusco pergunta se na administração pública existia um grupo de pessoas que faziam cumprir compromissos políticos de Silval com dinheiro de propina e ele confirmou que realmente existia, mas que em cada esquema, eram alguma pessoas definidas. Segundo ele, todos que participavam, sempre ficavam com uma parte da vantagem indevida.

No caso da Tractor Parts, ele negou que Sílvio Corrêa tivesse conhecimento pois sequer chegou a comentar com ele. Com relação ao ex-procurador do Estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, Silval afirmou que também fazia parte do grupo criminoso, emitindo pareceres favoráveis nos processos conduzidos por Pedro Nadaf.

Ele também disse que uma vez, por conta da ausência de Pedro Nadaf e Sílvio Corrêa, suas pessoas de confiança para fazer pagamentos de dívidas, pediu a Chico ima que fizesse este serviço. “Eu não sei como foi que ocorreu, eu pedi pro Chico. Sempre quem fazia esses pagamentos pra mim era o Sílvio ou o Pedro".

Diante da afirmativa de Silval de que Sílvio Corrêa era pessoa de sua extrema confiança, a promotora Ana Bardusco perguntou se o ex-chefe de gabinete seria a pessoa que responderia pelo governador sobre casos espúrios e Silval disse que ele participou apenas em alguns casos. A promotora insiste em dizer que como organização criminosa, ela questiona sobre o todo do grupo, mas Silval insiste que cada esquema era independente do outro e que nem sempre eram as mesmas pessoas que participavam. 

Em relação à participação do ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi, Silval explica que sempre que precisava de dinheiro da Sefaz para fazer pagamentos de compromissos políticos, comunicava o Marcel para que fizesse os remanejamentos necessários, pois tinha como atribuição fazer o que ele determinava. "Em alguns casos, eu falei pra ele que tinha que pagar dívida. E ele pagava. Ele tinha conhecimento. Quando tinha que ter retorno para compromisso político, ele sabia”.

Silval afirmou que Pedro Nadaf informou como havia ocorrido a concessão de incentivos fiscais a João Batista Rosa, que teve que se abster de receber créditos que tinha com o Estado em troca disso. Ele nega se lembrar do decreto que ele assinou concedendo o incentivo fiscal à 14 empresas por meio do Prodeic, sendo 3 empresas de João Rosa. Segundo ele, quem lhe levou o decreto para ser assinado foi Pedro Nadaf, mas que ele não tinha mito conhecimento sobre o teor do documento.

Com relação a carta que recebeu de Pedro Nadaf na cadeia, Silval foi questionado sobre o motivo para Pedro Nadaf tê-la escrito. “A única prisão que eu tinha naquele momento era a Sodoma 1. Ele sabe que eu não sabia dessa negociação. Ele não explicitou o motivo da carta”.

Silval disse que ficou 18 dias preso no batalhão do Corpo de Bombeiros e que recebeu a carta logo após sua transferência para o Centro de Custódia da Capital (CCC).

A promotora pergunta se a função de Pedro Nadaf na organização criminosa era identificar situações que pudessem render dinheiro para o pagamento das dívidas de Silval e ele confirma. "Ele tinha essa missão. Sempre que ele identificava a possibilidade de resolver uma conta, ele sempre me comunicava.

Com relação a divisão da propina, Silval afirma que a parte de Marcel de Cursi era resolvida por ele junto a Pedro Nadaf. Já a parte de Sílvio, era Silval quem repassava diretamente. “O Sílvio era comigo”.

Questionado se parte da propina foi parar no patrimônio do ex-governador, ele afirma que “praticamente nada”. “Alguma coisa eu fiquei para mim, outras eram despesas internas”.

Silval Barbosa também foi questionado se quando compôs seu staff, já o fez pensando em obter vantagens indevidas, ele afirma que cada situação foi criada ao longo do governo. "O secretário aceitando, ficava".

O advogado Marcos Dantas, que faz a defesa de Marcel de Cursi, pergunta a Silval pergunta sobre o contato dele com João Rosa, e ele explica que foi procurado pelo empresário, mas o encaminhou para o então secretário de Fazenda Edmilson dos Santos. Depois é que teria ficado sabendo que Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, que até então era adjunto na Sefaz, haviam assumido o caso.

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