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Silval aponta Nadaf como ‘mentor’ do desvio de R$ 15 milhões

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Em depoimento prestado aos delegados Alexandra Fachone e Márcio Vera, da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) o ex-governador Silval Barbosa afirmou que a ideia de desviar recursos públicos por meio da desapropriação do bairro Jardim Liberdade, em 2014, partiu do então secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf.

Dentro de seu staff de governo, Nadaf era um dos responsáveis por localizar empresas que pudessem render propinas e oportunidades em que o então governador pudesse desviar dinheiro para quitar dívidas de campanha eleitoral de 2010, quando se elegeu chefe de Estado.

“Em conversa no gabinete do declarante no ano de 2014 com Pedro Nadaf, na época dos fatos secretário da Casa Civil e Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, vulgo Chico Lima, na época dos fatos procurador do Estado de Mato Grosso, foi tratado sobre o assunto da dívida que o interrogando tinha com Valdir Piran; que nessa conversa foi proposto por Pedro Nadaf ao interrogando que realizasse o pagamento da desapropriação da área do Jardim Liberdade, pois haveria a possibilidade do ‘retorno’ de aproximadamente R$ 10 milhões, valor esse que poderia ser utilizado para amortizar a dívida com Valdir Piran”, diz trecho do depoimento de Silval, prestado no dia 1º de junho.

No depoimento, o ex-governador confirmou que consentiu com a proposta de seu subordinado e ordenou que os procedimentos de desapropriação fossem executados, relatou Silval aos delegados.

Ainda conforme os autos do depoimento, passados alguns dias da conversa entre Silval Barbosa, Pedro Nadaf e Chico Lima, o então chefe da Casa Civil fez um adendo à proposta. Ao invés de somente garantir os R$ 10 milhões para pagar o empresário Valdir Piran, com quem Silval teria feito empréstimo para financiamento de campanha, ele pretendia também obter vantagem para si e para os demais agentes públicos envolvidos na desapropriação.

Desta forma, o desvio de R$ 10 milhões passou para mais de R$ 15 milhões, o que representa cerca de 50% do que foi pago à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários, antiga proprietária do imóvel. 

Os beneficiários seriam ele próprio, Chico Lima e o então presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, delator na ação penal decorrente das operações Sodoma e Seven, ambas que apuram fraudes em desapropriações durante a gestão Silval.

“Alguns dias depois, Pedro Nadaf voltou a conversar com o interrogando sobre tal desapropriação, tendo dito que estavam estudando uma forma de executar a desapropriação com um retorno também para os secretários envolvidos, além dos R$ 10 milhões que seriam utilizados para amortizar a dívida do interrogando com Valdir Piran, dizendo que iria retirar um montante para ele, Pedro Nadaf, para Chico Lima, bem como para Afonso Dalberto, tendo o interrogando concordado”.

Segundo Silval Barbosa, os então secretários de Estado de Fazenda e Planejamento, Marcel de Cursi e Arnaldo Alves, respectivamente, também participaram do processo de desapropriação, garantindo o recurso necessário e o remanejamento do mesmo para pagamento do imóvel alvo de investigação, mas não sabe se eles também receberam propina ou não. “… não se recorda, contudo, se Pedro Nadaf chegou a afirmar nessa ocasião que haveria pagamentos desse dinheiro desviado também para Marcel de Cursi e Arnaldo Alves, outros dois secretários que também participaram desse esquema”, diz trecho dos autos. 

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