O que parecia águas calmas na área política para o governador Silval Barbosa (PMDB) pode acabar se tornando uma grande dor de cabeça. É que o excessivo apoio político à nova gestão com a participação no seu staff da quase totalidade dos partidos com representação na Assembleia Legislativa parecia sufocar qualquer ação de oposição que ontem, após a primeira sessão ordinária, reuniu 7 deputados que formaram dois blocos independentes. A informação foi confirmada pelo deputado e líder do PSDB, Guilherme Maluf, que se cercou por todos os lados para não ver o bloco naufragar diante de possíveis investidas de assédio do governo aos deputados.
A decisão afasta ainda mais o Democratas de compor o staff governamental com o deputado José Domingos Fraga na Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), em que pese Silval e o parlamentar ainda não terem conversado em definitivo, o que deverá acontecer até o final de semana, como foi confirmado pelo próprio Domingos, que admitiu a formação do bloco que deseja se posicionar para resguardar que as ações do Executivo não fiquem centrada apenas nas regiões de interesse dos aliados, mas sim do Estado.
Os blocos são compostos assim: o primeiro pelo DEM, PSDB e PTB e já foi oficiado, deverá ser apresentado na próxima sessão ordinária, hoje, ou na próxima semana. O segundo bloco é o do PPS, PDT e PSB. Os Democratas é a única exceção em número, com dois parlamentares e os demais partidos tem um parlamentar cada um, o que praticamente impede aos mesmos participarem das 14 Comissões Permanentes ou mesmo oferecer uma oposição mais consistente as políticas determinadas pelo governo do Estado.
Os blocos têm direitos diferenciados, segundo o regimento interno em termos de cargos e lideranças, sem contar comissões importantes como a de Constituição, Justiça e Redação Final e a de Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária, que são as duas finais por onde tramitam a quase totalidade das matérias originadas dos Poderes ou dos próprios deputados. Passarão a contar com a presença de representantes dos blocos o que não aconteceria com os partidos de bancadas diminutas, considerados nanicos.
Os deputados lembram que a idéia não é formalizar os blocos para promover uma oposição serrada ao governo do Estado, mas sim para exercer o papel preponderante de fiscalizar as ações e garantir a priorização de investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e segurança.
O secretário-chefe da Casa Civil, Eder Moraes, assegurou que o governo respeita a posição de todos partidos e deputados e que a ordem do governador Silval Barbosa é manter um diálogo aberto e constante com os parlamentares. "Respeitamos a independência de todos", disse.