O servidor público Rubens Antunes Belém Filho, que trabalha há 32 anos na Câmara de Vereadores de Cuiabá, afirmou ontem que falta de controle sobre processos licitatórios foi "comum" na Casa nos últimos oito anos, período em que o Legislativo foi presidido por João Malheiros (PR), Luiz Marinho (ex-PFL), Chica Nunes (DEM) e Lutero Ponce (PMDB).
A afirmação de Rubens foi feita durante depoimento prestado à comissão processante que investiga Lutero, indiciado por suposto envolvimento com fraudes que teriam movimentado R$ 7,5 milhões nos anos de 2007 e 2008. Assim como disse à Delegacia Fazendária, o servidor alegou que nos últimos dois anos era apenas membro fictício da Comissão de Licitação e há oito anos teria a função de apenas atestar as licitações.
"Nos oito anos que estive na Comissão de Licitação, sempre foi da mesma forma que vi agirem por lá. Só depois que fui chamado para depor na Delegacia Fazendária (em 2007), é que exigimos tomar conhecimento de tudo o que estava se passando e assinar só o que conhecíamos", afirmou Rubens.
Sobre a suposta coação que afirmou perante os delegados fazendários, Rubens Antunes alegou ter se referido na ocasião à suposta ameaça velada feita por funcionários ligados à gestão da ex-presidente Chica Nunes (2005 e 2006). Disse que temia perder o cargo e a função gratificada caso se rebelasse contra o sistema de trabalho na Comissão de Licitação. Ele disse ainda que, depois dos depoimentos, foi ameaçado até por parentes de Chica Nunes para que mudasse as versões.
Assim como Rubens Antunes, o servidor público Nivaldo Corrêa Duarte também deu detalhes sobre a falta de controle em licitações. Afirmou que também tinha apenas a função de atestar processos licitatórios. Conforme A Gazeta revelou no dia 23 de julho, ele voltou a dizer ontem ter sido nomeado sem consentimento como técnico de Finanças e Orçamento da Câmara em 2007. Depois de indicar também Chica Numes, a Delegacia Fazendária também começou a investigar gestões anteriores.