A bancada mato-grossense de senadores acredita que a suposta tentativa do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de “comprar o silêncio” do senador Delcídio do Amaral irá agravar a crise política no Palácio do Planalto e acelerar o rito para o processo de impeachment. O primeiro senador da República a se manifestar sobre o caso foi José Medeiros (PPS). Ele também disse durante a sessão plenária ontem, que a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para um superministério, juntamente com o aúdio de Mercadante, irão complicar a situação da presidente Dilma Roussef (PT).
Os demais representantes de Mato Grosso (Blairo Maggi e Wellington Fagundes – ambos do PR) também concordaram que os novos fatos divulgados pela Revista Veja – sobre uma gravação na qual o ministro da Educação tenta evitar a delação de Delcídio, oferecendo ajuda financeira e lobby junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para sua soltura – serão um agravante para acelerar o processo de impeachment no Parlamento. Segundo Medeiros, a presença de Lula no Planalto representaria, na prática, a destituição da presidente Dilma Rousseff. “Isso seria um golpe dentro do próprio poder Executivo. Um tiro no pé do Governo. Se isso acontecer Dilma será o que no Planalto? Uma mera figura decorativa? Nunca se viu isso na história”, ironizou.
O senador disse que mal acredita como a presidente conseguiu a implicância do Congresso, do Judiciário e agora até da Rede Globo. “Sinceramente, não sei se há condições para a presidente continuar. O processo agora correrá mais rapidamente, pois os últimos fatos estão chocando todos”. Por fim, Medeiros disse que leu a delação de Delcídio do Amaral e não crê na nomeação de Lula. “Eu li a delação e ele cita 186 vezes, até onde contei, o nome do ex-presidente Lula. Não creio que a presidente[Dilma] ia ter coragem de, diante dessa fragilidade do ex-presidente, colocá-lo como superministro ou como [quase] presidente da República. O que fica patente é o seguinte: o Congresso não pode ficar inerte, o Legislativo não pode mais adiar. O impeachment é inevitável”.
Até mesmo o senador da base de Dilma Roussef, Wellington Fagundes (PR), acredita que o fato foi mais uma gota, no balde que já está transbordando. “Apesar de não ser uma informação completa, pois não tive acesso ao áudio que a revista ouviu, isso com toda certeza é um novo agravante que poderá acelerar o rito do processo de impeachment. Mas precisamos lembrar que isso é um processo. É algo que está previsto na Constituição, mas precisa passar por etapas bem determinadas e claras. Porém, a vontade do Parlamento é soberana, apesar de que sua vontade pode ser constestada pelo Judiciário.
Todavia, até que haja essa movimentação por parte do Supremo Tribunal Federal, as coisas já terão sido feitas, como aconteceu no caso Collor”. Sobre a possível nomeação de Lula ministro, Fagundes disse que este não é o melhor caminho para o ex-presidente. “Lula é quase um mito no Brasil. Se ele for nomeado ministro com a intenção de se livrar de uma prisão isso poderá ser muito prejudicial ao seu futuro político. Agora a crise começa a surgir para Lula também”. Blairo Maggi acredita que o rito será mais célere com os desdobramentos, uma vez que já existia ambiente para o impedimento da presidente. “Isso vem fortalecer o processo”, disse por meio da assessoria.