O nome do casal Jonas Pinheiro, atual senador, e Celcita Pinheiro, ex-deputada federal, ambos do Partido da Democracia (ex-PFL), aparecem na lista dos “presenteados” pela empreiteira Gautama, que virou sinônimo de “negócio suspeito”. A lista, encontrada pela Polícia Federal nos documentos da empresa, é composta por 255 nomes. Nela estão ex-parlamentares, governadores, ex-governadores, prefeitos, ex-prefeitos, ministros, ex-ministro e ministros do TCU. Entre os brindes, haveria canetas, gravatas e bebidas, como uísque. Os nomes de Nilson Leitão do PSDB, prefeito de Sinop, e do assessor Jair Pessini, presos na Operação Navalha, não estão na lista.
A menção na lista não significa que o político nomeado seja suspeito. Trata-se de um ponto de partida, na avaliação da Polícia Federal. A lista apreendida se refere, possivelmente, ao final de 2006. Agora, os investigadores pretendem cruzar os dados dos “presenteados” com eventuais ações visando a liberação de verbas do Orçamento Geral da União para os municípios em que foram detectados casos de fraudes. Especificamente sobre Jonas e Celcita, a PF vai procurar saber se eles atuaram em benefício das obras da rede de esgoto na cidade de Sinop, no Norte de Mato Grosso.
Esta não é a primeira vez que o nome do casal Pinheiro aparece em investigações da Polícia Federal. Celcita Pinheiro, agora secretária de Ação Social da Prefeitura de Cuiabá, teve seu nome envolvido entre os parlamentares que teriam atuado em favor da empresa Planan, no rumoroso escândalo da “Máfia dos Sanguessugas”. Celcita chegou a ser indiciada pela Polícia Federal, juntamente com a deputada Tetê Bezerra (PMDB) e Lino Rossi (PP) – todos já sem mandato. O nome do senador Pinheiro também chegou a ser mencionado.
O prefeito Nilson Leitão negou com veemência que tenha havido irregularidades na concorrência em que a Gautama foi a vencedora para realizar a obra da rede de esgoto no município. Ele sustenta a tese da transparência e nega que tenha havido direcionamento. O ex-secretário de Desenvolvimento Urbano Jair Pessini foi preso por várias evidências. Há suspeita de que a obra foi superfaturada e que houve pagamento de R$ 200 mil em propina. O assessor do prefeito foi flagrado por agentes da Polícia Federal, à noite, no edifício da Gautama, dois dias depois de ter saído a liberação do resultado da concorrência. Ele entrou de mais vazias e saiu com uma sacola. Pessini afirma que ela continha vinhos.