O PFL deflagrou oficialmente a campanha a sucessão de Blairo Maggi, em 2010. Mesmo com muita coisa ainda por acontecer, como as eleições do ano que vem para prefeitos, a sigla já tem seu projeto de poder previamente definido. “Quero ver quem vai ter coragem de lançar candidato ao Governo contra o senador Jaime Campos” – desafiou o senador Jonas Pinheiro, que, com Jaime, se revezam na direção da sigla. O PFL se reuniu nesta segunda-feira, na Assembléia Legislativa, para tratar de diversos assuntos, entre os quais, evidentemente, a questão eleitoral: “Este é o começo das eleições de 2010” – disse.
Como bom político, Jaime Campos faz tipo. Primeiro, diz que tem muito tempo ainda para se falar em nomes para 2010. Depois, acha que o PFL tem outros grandes nomes. Por fim, quase num proseletismo ao melhor estilo político, diz que sua função é trabalhar por Mato Grosso,seja como senador da República, para qual foi eleito, ou como governador, cargo que sonha ocupar novamente – como qualquer governante. “Defendo que o partido tenha candidatura própria, mas não necessariamente que seja eu. É claro que sou partidário e se o partido exigir, vamos discutir. Mas esse assunto é prematuro antes teremos eleições aos municípios em 2008” – salientou.
A exortação maior de Jaime Campos foi para o fortalecimento do PFL Ao defender a sigla, acaba por revelar pontas de mágoas com os dirigentes político-partidários do momento. “O PFL não é sigla de aluguel” – ele disse, ao “convidar” aqueles que pensam em deixar o partido a fazerem logo. Jaime dá o tom de suas observações internas sobre essas pessoas – prefeitos, vereadores e até deputados – que estão pensando em mudar de partido. “São todos X9 infiltrados no PFL” – frisa. X9 no linguajar carioca significa dedo-duro, sigla dada a um agente secreto que ninguém sabe ao certo se existiu ou não. Jaime, portanto, acha que o PFL deve ficar logo livre dos “X9” para seguir com o projeto partidário.
Campos se mostra queixoso com os dirigentes do Partido da República, o PR. A sigla, segundo o senador, estaria sediando muitos políticos e lideranças para ingressarem na sigla. Faz parte do projeto de fortalecimento visando as eleições futuras. Ele, no entanto, não dispara críticas diretas ao governador. “Até onde, até onde eu sei, o governador não vinha fazendo isso” – disse. Vale dizer, por outro lado, que Jaime Campos e Blairo Maggi têm, ao longo da relação política de ambos, registrados várias rusgas. “Fico triste quando vejo um prefeito se vendendo por um caminhão de óleo diesel”.
Se 2010 está longe, 2008 está bem perto. E para chegar a 2010 é preciso passar por 2008. Assim sendo, o PFL – ou o novo nome que se dará a histórica sigla – já tem tudo devidamente definido. Jaime Campos, assim como Jonas Pinheiro, são taxativos em dizer que o partido vai ter 141 candidatos a prefeito. Isto é, candidatos em todos os municípios de Mato Grosso. “Mesmo que isso signifique que alguém tenha que ir para o sacrifício” – frisou. Isso vale, provavelmente, para Várzea Grande, onde Murilo Domingos, atual prefeito, tem o apoio do PFL para governar, mas está se mudando também para o PR.
A rigor, o assunto principal da pauta do encontro do PFL acabou em segundo plano. Um aval apenas para a mudança de nome de Partido da Frente Liberal para Democratas. “É muito bom para o partido. Os marqueteiros acham e eu concordo” – disse o senador pefelista.