O senador Jayme Campos (DEM), que perdeu a mãe por conta da Covid-19, recentemente, criticou duramente a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução do enfrentamento contra a pandemia. O mato-grossense criticou o tom negacionista, criticou a demora para a vacinação e desqualificou o ministro da Saúde Eduardo Pazuello para ocupar o cargo. Na opinião do senador, o Governo Federal passou de “incompetente para impotente”.
Inicialmente, Jayme chamou atenção para o negacionismo de Bolsonaro ao defender o uso de medicamentos sem comprovação científica e abominou a falta de oxigênio registrada no Amazonas em janeiro, o que, segundo ele, revela a impotência do Governo diante da crise sanitária. “O próprio presidente da República sempre contestou [o novo Coronavírus], achou que não devia ter distanciamento social, que não tinha que usar máscara, que deveria tomar Ivermectina e não sei mais o que, tudo menos um tratamento adequado. Deu no que deu. Chegamos num momento do Brasil em que o sistema de saúde está estrangulado, tanto público quanto privado. O governo transformou-se de incompetente para impotente. É inconcebível, em pleno século 21, a falta oxigênio como aconteceu no Amazonas”, afirmou, em entrevista à rádio CBN de Cuiabá.
Jayme também reclamou da nomeação de Pazuello para a pasta da Saúde e disse que as críticas recebidas pelo ministro, que chegou ao posto por ser estrategista de logística no Exército, tem fundamentos. “O Pazuello deve ser um cidadão muito competente, mas na área estratégica e de logística lá do Exército, não para ser ministro da Saúde. Tem recebido duras críticas e com razão. Qual o preparo, qual o conhecimento da ciência médica? Ele não tem conhecimento. Eu acho que não estava preparado. Não desmerecendo a capacidade dele, mas para tocar uma área tão importante, precisávamos de um profissional que tivesse conhecimento técnico para isso. Qualquer pessoa com um mínimo de consciência não aceitaria [o cargo]”, analisou.
Na opinião senador, um ministro mais qualificado poderia acelerar o programa de vacinação, que segue com atrasos e sem previsão de avanços no curto prazo. Jayme também credita o atraso à politização da saúde e à antecipação das eleições de 2022.
Jayme Campos sempre demonstrou simpatia com o presidente Bolsonaro, é um dos parlamentares mais contemplados com emendas do Governo, mas não aparenta submissão, como outros políticos. Como presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, está em sua gaveta o pedido de impeachment do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, acusado no esquema das Rachadinhas, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, e suspeito de lavagem de dinheiro. O senador aguarda o retorno das sessões presenciais para decidir sobre o prosseguimento ou arquivamento dos pedidos.