O senador mato-grossense José Medeiros (PSD) elaborou requerimento ao Conselho de Ética do Senado pedindo providências em relação a decisão da senadora Fátima Bezerra (PT) de ocupar a cadeira do presidente do Senado, no plenário, e juntamente com senadoras de oposição impedir a sessão plenária destinada para votar a reforma trabalhista. Medeiros aponta que houve "abuso das prerrogativas constitucionais", por parte da senadora petista. Ele pede que o conselho investigue "ato incompatível com a ética".
Além de Fátima, as senadoras Gleisi Hofmann (PT), Regina Sousa (PT) e Vanessa Graziotin (PC do B) ocupavam as cadeiras reservadas ao senadores da mesa diretora que conduzem as sessões do Senado e também devem ser alvo da represetnação. O presidente Eunicio Oliveira (PMDB-CE) dialogou com elas, no início da tarde, para que se retirassem e a sessão fosse realizada. Elas não saíram, pediram almoço para suas assessorias e ficaram no local. O presidente determinou o corte da energia do plenário e do ar-condicionado, que durou mais de três horas.
A proposta de Medeiros tem apoio de 14 senadores. O Senado ficou extremamente constrangido, com vergonha alheia, porque os pilares da democracia foram externamente abalados hoje. Aqui, as pessoas podem falar o que quiserem, tem a tribuna, tem imunidade, mas com a força do argumento, não com o argumento da força", afirmou o senador à Agência Senado, pouco depois de protocolar o requerimento no conselho.
A sessão iniciou há instantes após mais de 6 horas suspensa. O presidente Eunicio Oliveira fez novo apelo para as senadoras saírem da mesa diretora e chamou o episódio de "inacreditável" e disse que "nem na ditadura militares ocuparam uma mesa de Casa do Congresso" e se não for atendido convocará sessão em outras dependências do Senado. Elas acabaram saindo e a sessão começou para votação das reformas.
Para o senador Cristovam Buarque, a atitude da oposição foi “um gesto antiparlamentar, antidemocrático”. Ele disse só ter visto esse tipo de ato em assembleias estudantis. O senador acrescentou que, no Parlamento, os impasses devem ser resolvidos com conversas, diálogos, discursos e negociações.
Alvaro Dias também não aprovou a atitude das senadoras. Para ele, foi um “lamentável espetáculo de arrogância, de prepotência, de truculência, de ausência de inteligência”.
O líder do PSDB, Paulo Bauer (SC), classificou a ocupação da mesa do Plenário do Senado por senadoras da oposição de “procedimento antidemocrático” e “quase um crime político” por impedir o funcionamento do Senado. "O que está acontecendo hoje no Senado, produzido pelos partidos de esquerda, usando-se das mulheres senadoras, que tomaram a mesa diretora do Plenário, é sem dúvida nenhuma algo que vai exigir do Conselho de Ética do Senado uma avaliação e providências. Esse não é um comportamento compatível com a dignidade política de quem representa o povo brasileiro no Senado", afirmou.
(Atualizada às 21:58h)