O senador Wellington Fagundes, que na campanha eleitoral e nos primeiros meses do mandato do presidente Jair Bolsonaro (PSL) se manteve independente no Senado, em relação ao presidente, saiu do muro e ontem, em discurso duro (mesmo sem levantar o tom de voz) na tribuna do Senado Federal fez críticas aos cortes de 30% nas universidades e institutos federais e ao posicionamento de Bolsonaro em chamar os manifestantes de anteontem em “idiotas úteis”.
“Não podemos concordar como posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, lá nos Estados Unidos, dizendo que era um bando de gente despreparada e que estava ali como um movimento ideológico. Eu penso que não. Agora é o momento do diálogo. Estamos aqui numa crise permanente, política e economicamente ao mesmo tempo, e, claro, nós temos que resolver primeiro esta crise política”, concluiu.
Em vez dos cortes, Fagundes cobrou eficiência nos investimentos para a educação e criticou o posicionamento de Bolsonaro em relação às manifestações ordeiras e legítimas, em sua opinião.
Fagundes lembrou que foi relator da última Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), cujo relatório foi aprovado, e que a norma é bem clara em não fazer cortes nos ministérios da Educação e da Saúde, obrigando, inclusive, em fazer os reajustes inflacionários.
O mato-grossense, que teve apoio do senador Álvaro Dias (Podemos-PR), apelou para que Bolsonaro não crie um cavalo de batalha ideológico com a educação para dividir a população. “Quando a juventude foi se manifestar nas ruas, os jovens brasileiros, professores, servidores da educação, sem dúvida nenhuma nos traz aqui não só a preocupação, mas o compromisso do apoio para que o governo reveja e não transforme a educação brasileira numa luta ideológica sem fim”, ponderou.