A senadora cassada Selma Arruda (Podemos) pode perder hoje o mandato no Senado Federal. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pautou o assunto para discussão nas sessões on line desta quarta-feira, mas enfrenta resistência dos colegas do Podemos, Álvaro Dias e Lasier Martins, defensores de que o parlamento aguarde o trânsito em julgado (final dos recursos) do processo para só então efetivar a cassação da mato-grossense.
Ontem, durante sessão plenária para votação de projetos, Lasier Martins chegou a pedir questão de ordem para solicitar o cancelamento da reunião alegando que o ato não pode ser feito de maneira remota, conforme o Senado tem se reunido atualmente por causa da pandemia do novo Coronavírus.
Lasier não citou o nome de Selma, mas Álvaro Dias foi direto ao defender a colega de parlamento e de partido. “Desde o primeiro momento houve uma angústia, e precisamos fazer a leitura do que há por trás: nós que acompanhamos esse processo podemos dizer que a senadora Selma continua com a sua dignidade inatacável. É uma mulher honrada, honesta, corajosa, que cumpriu seu papel na Justiça e hoje está pagando muito caro por ter sido rigorosa e implacável em determinados mudanças”, defendeu Álvaro Dias consignando apoio aos argumentos de Lasier sobre a legitimidade da reunião.
O presidente Davi Alcolumbre ignorou os pedidos e manteve o tema pautado para hoje. Selma Arruda teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro do ano passado após condenação pela prática de Caixa 2 e abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2018. Apesar da decisão da Corte, cabe ao Senado decretar a perda do mandato, o que ainda não foi feito. No parlamento, o relatório elaborado a pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO) é contrário à permanência de Selma Arruda na Casa.
Se a votação for realizada hoje e o entendimento seguir o parecer do relator, a vaga da ex-juíza deve ser ocupada pelo ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD), terceiro colocado no pleito de 2018 e patrocinador da ação contra Selma, que ganhou no Supremo Tribunal Federal o direito de ocupar a cadeira até que a nova eleição seja realizada.