A tensão entre o governo do Estado e o PSD ganhou novos contornos nos últimos dias com as imposição feitas a presidente do PSD Mulher, Vanice Marques, irmã do deputado Airton Português que deverá ter seu pedido de demissão publicado no Diário Oficial de Mato Grosso nas próximas horas. Nem a interferência do próprio governador Silval Barbosa (PMDB) demoveu Vanice de pedir demissão e de condenar a forma “feudalista” como o PT trata a Secretaria de Estado de Educação a maior pasta com um orçamento de R$ 1,6 bilhão para este ano.
Vanice estava há pouco mais de dois meses como secretária-adjunta de Estrutura Escolar, responsável por um orçamento da ordem de R$ 120 milhões, sendo R$ 112 milhões em recursos federais e R$ 8 milhões do governo do Estado.
Mesmo sendo ordenadora de despesas, a então adjunta foi surpreendida com uma decisão baixada por portaria pelo secretário Ságuas Moraes (PT) que criou um Núcleo Executivo para onde foram repassadas todas as competência de sua secretaria-adjunta, mantendo a mesma como ordenadora, mas sem poderes de decidir as prioridades nas reformas e ampliações das escolas públicas, mesmo em relação aos recursos federais. Para o referido Núcleo Executivo foi nomeado alguém com supostas ligações com o secretário Ságuas Moraes.
Em Carta Pública, Vanice Marques esclarece seu desligamento da Secretaria de Educação. Lembra ela que na definição do retorno do PSD à base do governo Silval Barbosa em dezembro de 2012 ela acabou indicada para um cargo na Seduc, o que foi aceito pelo governador Silval Barbosa. Lembrou ela que tem um histórico de contribuição e trabalho por sete anos na Casa Civil, Fapemat e Secretaria de Turismo, inclusive como secretária da pasta.
Diz ainda que na sua vida pública sempre prezou pelo respeito ao ser humano e resultado no trabalho. “Não foi diferente na minha entrada na SEDUC. Encontrei uma equipe cheia de vontade de participar e contribuir para as conquistas no setor educacional, também uma demanda infinita para atender desde as escolas no centro da nossa capital até aquelas mais longínquas do nosso Estado. Isso muito me motivou sabendo o quanto poderia trabalhar pela educação e contribuir com as comunidades do nosso Mato Grosso”.
Em certo trecho do documento ela aponta que Mato Grosso tem um sistema educacional arcaico e que prejudica sobremaneira o aprendizado e evolução do aluno ao acesso à informação e tecnologia por falta de vontade política dos gestores. “Na SEDUC, por dois meses, fui impedida de implantar rotinas administrativas, criar sistemas de transparência, alterações de responsabilidades entre funcionários, foi-me solicitado expressamente assinaturas em processos incompletos. Foi-me negado por diversas vezes acessos a documentos (referentes à minha responsabilidade) para análise, e por fim para me excluir definitivamente das discussões e decisões de investimentos, publicaram um núcleo executivo tirando 90% da execução orçamentária da pasta sob minha responsabilidade”.
Frisa ainda que não pactuou e não se calará diante de atitudes daqueles que utilizam recursos públicos para outros fins. “A ingerência e subterfúgios da gestão atual da Seduc compromete o desenvolvimento da educação do nosso Estado, resta-nos confiar nos órgãos de controle para frear esses desmandos”.