O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, requereu nesta quinta-feira, 17, ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito criminal contra 27 novos parlamentares que estão sob suspeita de integrarem a máfia das ambulâncias. O chefe do Ministério Público Federal vê indícios consistentes contra eles.
O MPF não divulgou os nomes dos novos investigados. Antonio Fernando seguiu o mesmo procedimento que adotou com relação a outros sanguessugas, já sob investigação policial.
Agora são 84 os parlamentares sanguessugas sob investigação do MPF. Anteriormente, o procurador-geral fez dois pedidos envolvendo 57 congressistas. No primeiro, em 31 de maio, a lista incluía 15 nomes. No segundo, apresentado em 30 de junho, outros 42.
A base para o pedido encaminhado ao STF são documentos, livros contábeis, papéis bancários e os depoimentos dos empresários Luiz Antonio Vedoin e Darci Vedoin, apontados como os líderes do grupo que sangrou R$ 70 milhões do Tesouro por meio das emendas de deputados e licitações fraudulentas com recursos liberados pelo Ministério da Saúde.
As informações foram levadas ao procurador-geral no final da tarde de quarta-feira pelo deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), relator da CPI dos Sanguessugas. Biscaia entregou o relatório da CPI ao procurador-geral da República.
Antonio Fernando não teve condições de examinar o material imediatamente porque tinha audiência no STF. Três procuradores federais designados por ele começaram a estudar a documentação e concluíram pela necessidade de instauração de inquéritos contra os 27 novos suspeitos.
O pedido consiste na abertura de um inquérito para cada parlamentar. A estratégia é agilizar a tramitação dos processos de apuração até eventual oferecimento de denúncia criminal contra os parlamentares. O MPF considera que a inclusão de muitos investigados dentro de um único inquérito geralmente prejudica os trabalhos.
Nesta quinta, o chefe do MPF passou o dia inteiro reunido com seus assessores e acatou o parecer pela abertura dos novos inquéritos. Antonio Fernando examinou caso a caso com sua equipe. Consultou centenas de documentos até se convencer de que deveria mesmo pedir os inquéritos.
Entre os novos investigados estão parlamentares que foram inocentados pela CPI. Para o MPF a absolvição política de deputados não os isenta de uma apuração de caráter penal.