O ex-presidente da extinta Imprensa Oficial de Mato Grosso (Iomat), Cláudiomiro Pires, mais conhecido como “Cláudio Pires”, já está em liberdade. E não é de hoje. No sábado, o desembargador de plantão no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Manoel Ornellas de Almeida, aceitou o pedido de habeas-corpus admitindo as provas de se tratar de “pessoa radicada no distrito da culpa, primário, portador de bons antecedentes”. Pires deixou o Presídio do Carumbé ainda no sábado e pode assistir a formatura do seu filho, conforme pedido do advogado Faustino Neto.
Pires é acusado em investigação da Polícia Fazendária como cabeça de uma organização criminosa que estava atuando na extinta Iomat. Ele foi preso em flagrante no dia 16 de setembro depois que a ex-diretora Dilma Cursino entregou R$ 80 mil em dinheiro que seriam de Pires e ter confirmado o esquema de fraude no órgão, detectado inicialmente por uma inspeção da Auditoria Geral do Estado. O esquema consistia em desviar dinheiro de pagamentos de anúncios, através de fraudes em documentos.
De acordo com o despacho do desembargador, a libertação do acusado “não acarreta prejuízo para a aplicação da lei penal e não oferece perigo à segurança da instrução criminal”. Ornellas de Almeida observou que “a questão da ordem publica é subjetiva”. Em seu despacho, Manoel Ornellas asseverou que ficou demonstrado que “o acusador”, no caso o Estado, “pretende receber possíveis prejuízos aos cofres públicos com a liberdade do ser humano”. O próprio desembargador assinou o alvará de soltura de Pires. Cláudio, que era então presidente do PPS em Cuiabá, tentou várias vezes sem êxito sair da prisão.
Na segunda-feira, a delegada Maria Alice Amorim apontou novos fatos envolvendo o ex-presidente da Iomat. Ela revelou a existência do esquema de desvio de máquinas e equipamentos do órgão, causando um prejuízo calculado em R$ 600 mil. Mais duas pessoas foram presas: Ivanir Walmor Urmann, funcionário de carreira da Iomat, e Geraldo Clemente, sócios em uma empresa que fazia manutenção dos equipamentos da Iomat. O desvio do patrimônio público se dava quando as máquinas eram enviadas para fins de manutenção e não mais retornavam para o órgão.
Com eles, foram apreendidos uma máquina de impressão gráfica e vários componentes de outras máquinas. Pires é suspeito de participar do esquema com a liberação das máquinas a Ivanir. A delegada fazendária suspeita que a quadrilha tinha interesse em constituir em Cuiabá um parque gráfico de larga proporção, face aos investimentos realizados. Cláudio Pires, acusado de corrupção e formação de quadrilha, vai responder processo também por peculato.