A precariedade das rodovias estaduais e municipais aliada à política tributária descontrolada nortearam as críticas do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, ao governo de Silval Barbosa (PMDB) durante a retomada dos trabalhos da Frente Parlamentar da Agropecuária, presidida pelo deputado Zeca Viana, líder do PDT.
"Não existe prioridade para nada, nem para a situação das rodovias e muito menos para a política tributária que está descontrolada. Chegaram ao cúmulo de emitir quatro decretos por dia. Foram mais de 1,3 mil decretos tributários em 2012, um verdadeiro absurdo", apontou o presidente da Famato.
Para ele, é um absurdo se culpar as chuvas por causa da situação das rodovias quando todos sabem que faltou planejamento e determinação para não deixar a situação chegar onde chegou. "Nasci em Mato Grosso e a época das chuvas sempre aconteceu nos mesmos períodos, o mesmo em relação às secas, que é a fase ideal para preservação e conservação das rodovias, o que não foi feito", disse Rui Prado.
O presidente da Famato chegou a pontuar que as prioridades do governo do Estado são diferentes das prioridades de Mato Grosso, "pois está se investindo R$ 1,2 bilhão nas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), recursos suficientes para pavimentar 3 mil km de rodovias que seriam fundamentais para ampliar a arrecadação do Estado em cinco ou seis vezes com o agronegócio", explicou Prado, lembrando que o R$1,5 bilhão a ser investido pelo MT Integrado para o interior é de empréstimos que terão que ser pagos pelo contribuinte que não teve a opção de escolha entre as obras da Copa do Mundo e a recuperação de rodovias.
Já para Zeca Viana, líder do PDT e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, sua posição contrária a alguns investimentos para a Copa e que não foram compreendidos por alguns setores se tratava apenas e tão somente de se definir prioridades. "A Copa é tão importante quanto o agronegócio, só que o evento esportivo é restrito a um determinado público e Mato Grosso está muito além disto".
Zeca Viana e Rui Prado defenderam a privatização de rodovias com a consequente cobrança de pedágios, mas após estudos de viabilidade e de impacto, já que nem todas as rodovias comportariam as cobranças de taxas, mas essa seria uma solução inteligente para combater a ineficiência do Poder Público Estadual e Federal e manter as rodovias que dão sustentação ao agronegócio.
Casa Civil – O secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, negou que o governo do Estado não tenha prioridades, apenas pontuou que Mato Grosso cresceu vertiginosamente e os recursos públicos para acompanhar este crescimento econômico impulsionado pelo agronegócio não foi o mesmo, provocando uma distorção que acaba propiciando essa realidade.
"Em 60 dias as obras do MT Integrado de R$ 1,5 bilhão começarão e dentro de dois anos a realidade será outra para Mato Grosso e para o Brasil", disse o secretário, lembrando que a potencialidade econômica do agronegócio beneficiou diretamente o Governo Federal e os produtores, já que o recolhimento de impostos para o Estado e para os municípios é muito inferior.
Nadaf disse que os efeitos das exportações do agronegócio, grãos e carnes resultam na força do país, mas os reflexos em Mato Grosso e nos 141 municípios são restritos.