Falando ao blog, o deputado cassado Roberto Jefferson (RJ) disse que, em abril de 2005, Dimas Toledo esteve em sua casa. Ofereceu uma mesada de R$ 1,5 milhão do caixa dois de Furnas para o PTB. Quantia idêntica seria entregue ao PT. O “esquema” de Dimas, que já operava durante a gestão de FHC, foi “herdado” pelo ex-ministro José Dirceu. Eis a entrevista:
– O sr. disse que, ao tentar substituir o Dimas, vários políticos da lista de Furnas lhe telefonaram. Quem ligou?
Não vou dar nomes, mas metade da lista ligou. Me ligaram uns 40 deputados e senadores. Diziam: ‘Roberto, o Dimas é uma boa pessoa. Quero te aproximar dele. O que teve de gente querendo me aproximar do Dimas foi uma grandeza (risos).
– De onde vinha a influência de Dimas Toledo?
Ele cobria o PSDB. O PSDB mineiro inteiro, o PFL mineiro inteiro, o PMDB mineiro inteiro. A pressão que eu recebi, até do… Não vou falar. Mas foi muita pressão que eu recebi.
– Mas a lista contém vários nomes de São Paulo.
Claro, São Paulo também é coberto por Furnas. São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás…
– As cifras mencionadas na lista têm lógica política?
Não vou acusar amigos. No que me toca (R$ 75 mil), a lista é verdadeira. No resto, ela tem total lógica política e se assemelha à verdade.
– Quem era o padrinho de Dimas Toledo?
O Dimas não tinha um controlador. Ele não trabalhava com grupo pequeno, só com grupo grande. Três, quatro governadores poderosos. Aquela cadeira era forte demais para um só. Ela foi o principal motivo para o Zé Dirceu botar a Abin no meu calcanhar.
– O José Dirceu herdou o esquema?
Herdou. Eu já falei sobre isso à Folha e à CPI (dos Correios). Aquela era uma cadeira muito poderosa.
– O Dirceu chegou a propor uma partilha ao senhor?
Dava R$ 4 milhões – R$ 1 milhão ficaria para despesas de diretoria que o Dimas teria, R$ 1,5 milhão iria para o PTB e R$ 1,5 milhão para o PT todo mês. Fora os grandes contratos que, sempre que assinados, teria uma parcela.
– O sr. chegou a conversar sobre isso com o próprio Dimas?
Sim. Ele esteve em minha casa entre meia noite e meia e uma da madrugada, em abril do ano passado, a pedido do Zé Dirceu.
– Ele queria o quê?
Formalizar o acordo da partilha. Me disse que ficaria para o PTB R$ 1,5 milhão por mês e para o PT R$ 1,5 milhão. Ele reforçou a conversa que o Zé Dirceu já havia acertado. Eu voltei ao Zé, contei os termos e perguntei: tá fechado? Ele disse: ‘Fechado’. Foi quando o Lula deu pra trás. Disse: não, esse cara é um traidor. Ele é tucano. Batamos R$ 1,5 milhão na Cemig, para fazer o Programa Luz para Todos nas favelas e ele só botou placa do governo do Aécio (Neves).
– A proposta de partilha foi feita para que o sr. concordasse com a manutenção do Dimas?
Exato. Quem ficava com tudo naquela época era o Delúbio (Soares, ex-tesoureiro do PT). Tinha também um ‘grupo dos 12’, do PSDB, que ficava com R$ 600 mil por mês. Três eu sei com certeza: (Luiz) Pihayilino (PSDB-PE), Osmânio Pereira (hoje PTB-MG) e Salvador Zimbaud (PSDB-SP).
– Um grupo do PSDB continuou recebendo sob o PT?
Sim. Houve acordo. O Zé Dirceu montou uma série de grupinhos.