O presidente afastado da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PSD) e o ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes, vão ser transferidos, a qualquer momento, a Brasília. Até às 16:25h eles permaneciam na Superintendência da Polícia Federal em Cuiabá. Não foi anunciado o horário da transferência.
Ambos vão prestar depoimentos na capital federal, por ordem do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Ambos foram presos esta manhã, em seus apartamentos, em Cuiabá. A PF e o Supremo não informaram as acusações contra os dois, até agora, devido ordem judicial de sigilo nas informações. Há suspeitas que seja desdobramento da Operação Ararath que investiga lavagem de dinheiro via empresas negociadoras de créditos no Estado e factorings.
O advogado Paulo Lessa (desembargador aposentado), que defende Eder Moraes, informou que a prisão dele é preventiva (30 dias). Na ordem de prisão de Riva também consta que é preventiva.
O advogado Otacilio Peron disse, há pouco, que policiais "encontraram na casa do Eder uma relação de empréstimos feitos junto ao BIC Banco e agora a PF quer saber pra onde foi esse dinheiro".
Os policiais já concluiram as buscas e apreensões nos apartamentos deles e também no apartamento do governador Silval Barbosa. "Silval estava em casa quando os federais chegaram", confirmou a fonte. A secretaria de Comunicação do governo confirmou que não houve buscas no gabinete de Silval. O governador chegou, há pouco, na sede da superintendência para prestar esclarecimentos porque foi encontrada uma pistola 380 em seu apartamento e não havia porte. Ele está acompanhado do advogado Ulysses Rabaneda. Deve pagar fiança e ser liberado, informa A Gazeta.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão de documentos no Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE), no gabinete do conselheiro Sergio Ricardo, que foi presidente da Assembleia Legislativa e indicado pelo parlamento para ocupar vaga no tribunal. Policiais também estiveram na casa dele, logo ao amanhecer.
Haveria buscas também no Ministério Público Estadual, que fez várias representações contra o deputado José Riva, mas a assessoria ainda não se pronunciou. Uma fonte da PF informou que teria ocorrido apreensões de documentos no MP.
Outra equipe fez buscas na prefeitura da capital, no gabinete do prefeito Mauro Mendes (PSB).
Ao menos dois empresários foram conduzidos para a superintendência da PF na capital onde prestaram depoimentos. Um deles é Persio Briante, de uma empresa de caminhões. Ele prestou esclarecimentos na condição de testemunha e foi liberado. Um empresário do setor de energia elétrica e construções, outro que de um grande supermercado.
Há rumores que dois advogados, em Cuiabá, teriam sido levados à Polícia Federal, mas a OAB ainda não confirmou se foram conduzidos coercitivamente ou estão presos.
Advogados do empresário Júnior Mendonça, alvo principal da operação e que anteriormente prestou depoimentos, divulgaram nota confirmando que ele aceitou ser "colaborador premiado" da polícia. A nota não menciona teor de declarações de Mendonça a PF, mas ele pode ter detalhado envolvimento de políticos e empresários em transações financeiras ilegais.
Ao todo seriam cerca de 70 mandados ordenados pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. A justiça teria expedido decisão determinando sigilo no transcorrer da operação, hoje, em Cuiabá. Só Notícias tentou entrar em contato com a assessoria da Polícia Federal e também com a assessoria do deputado, mas ambos não atenderam o celular e nem retornaram as ligações.
A operação foi deflagrada no ano passado e já teve várias fases. A PF apurou que um grupo criminoso fazia intensa movimentação financeira, por intermédio de recursos de terceiros e empréstimos, com atuação análoga a de uma verdadeira instituição financeira. Averiguou-se, ainda, que esse fluxo de altos valores vai além do uso das empresas de factoring, com a utilização de outras pessoas jurídicas, entre as quais, empresas “fachada”. As factorings também não teriam autorização do Banco Central para operar. A estimativa inicial é que o esquema movimentou em torno de R$ 500 milhões em aproximadamente 6 anos.
A pena para o crime de operação ilegal de instituição é de um a quatro anos de reclusão e multa. Já para o crime de lavagem de dinheiro, a pena varia entre três e dez anos de reclusão e multa.
Ararath é um nome de um monte na Turquia onde, supostamente, foi encontrada a Arca de Noé. Em Mato Grosso, em 2003, a Polícia Federal fez grande operação que prendeu João Arcanjo Ribeiro (que hoje está em presídio em Campo Grande) acusado de ser o chefe do crime organizado no Estado e a factoring dele trocou cheques da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
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(Atualizada às 17:12h)
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Polícia Federal (fotos: reprodução – Dinalte Nogueira e Camila Ribeiro)