O ex-presidente da Assembleia Legislativa, Jose Riva, disse, esta tarde, em novo depoimento no processo da operação Arca de Noé (desencadeada em 2002) que confessa crimes cometidos quando comandou o parlamento. "Vou fazer uma confissão para poder colaborar com a justiça". O Ministério Público apurou que 43 cheques foram emitidos, pela Assembleia, para empresas fantasmas no esquema de desvio de dinheiro.
Uma parte das cifras milionárias foi para uma empresa de factoring, do ex-bicheiro João Arcanjo, que está em presídio federal. Riva contou que os empréstimos começaram em 1995, quando se deparou com uma dívida de R$ 25 milhões, grande parte com factorings e que alega ter herdada do período quando Humberto Bosaipo (ex-presidente) e Gilmar Fabris (ex-primeiro secretário) comandavam a mesa diretora. E "culpou" Bosaipo. "As empresas de fachada surgiram em 1999 e 2000. O Humberto Bosaipo me procurou e disse que tinha como resolver essas questões das contas com os fornecedores. Ele disse que tinha umas empresas que já existiam e outras criadas pelo Nilson Teixeira, Joel e José Quirino, que nos ajudariam. Foram emitidos cerca de 700 mil em cheques com essas empresas que pagou João Arcanjo", acusa Riva. Ainda de acordo com o ex-presidente, uma rádio pertencente a Arcanjo chegou a receber R$ 4 milhões da Assembleia "sem anunciar nada. Os cheques eram emitidos em nome das empresas e descontados, na boca do caixa, para atender interesses políticos, campanhas eleitorais e para pagar factoring", afirmou.
Riva relatou que o então governador Dante de Oliveira chegou a autorizar um repasse para a Assembleia para colocar com o pagamento da dívida citada. "O governador Dante autorizou uma suplementação de R$ 22 milhões, fora do orçamento, para pagar o Arcanjo. Se não pagasse ele [Arcanjo] nos ameaçava, eu mesmo fui ameaçado várias vezes. Posso garantir que essa conta [R$ 25 milhões] não foi feita naquela época, ela se arrastava há anos", declarou.
"Fui chamado para uma reunião na presença do deputado Gilmar Fabris e outros secretários e foi me passada essa situação. Eu relutei, mas assumi o compromisso de pagar essas dívidas. Na época, a Assembleia não tinha crédito na praça. Tudo que comprava só podia usar cheque pré-datado da Paranorte. Por isso que surgiu essa figura da Paranorte", disse Riva.
O MidiaNews informa que o ex-deputado também declarou que "os cheques eram dados para fornecedores para garantir o pagamento dos fornecedores. A empresa já existia lá em Juara, ela não foi aberta para isso, mas não tinha funcionamento assim. Só citei isso porque a Assembleia realmente não tinha crédito na época, mas essa da Paranorte não tinha desvio nisso. Só usamos esse artifício para atender as necessidades", explicou.
A juíza Selma Arruda ainda pediu para Riva detalhar o envolvimento dos corréus.
Humberto Bosaipo: "Sabia e participava. Quando eu fiz a minha introdução sobre a dívida e depois sobre as empresas, eu não quis me defender. O Humberto não é mais culpado do que eu, mas eu não comecei essa dívida. São dívidas da gestão passada e não conheço essas empresas".
Guilherme da Costa Garcia: "Era o secretário-geral, naturalmente sabia. Se ele se beneficiou, entretanto, eu não sei".
(Atualizada às 20:45h)