O governador Blairo Maggi já têm um parcial daquilo que pensam seus aliados e colaboradores e eleitores: 68% acham que ele deve permanecer no PPS, partido em que se encontra. Na análise de todos, uma constatação: migrar agora para o PFL e seguir o caminho natural de uma aliança com o PSDB de Dante de Oliveira e Antero de Barros seria “nitroglicerina pura” aos eleitores. O resultado seria uma possível repetição do fracasso eleitoral da coligação de 98, quando Júlio Campos, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, atraiu o PMDB de Carlos Bezerra para apóia-lo ao Governo do Estado. Na época, Dante de Oliveira, governador desgastado, virou o jogo e ganhou a eleição.
O quadro “pintado” ao governador Maggi agora é muito parecido na avaliação de quem já foi consultado a respeito, segundo uma alta fonte do Palácio Paiaguás. Ou seja: o governador poderá mesmo continuar no PPS. O “nem que sim e nem que não” a grande cúpula do PFL na segunda-feira foi um sintoma. “A maioria dos líderes do PFL já sabiam do resultado dessa pesquisa, sobre como o eleitor vê essa transferência para o PFL e um acordo com o PPS. Por isso, fizeram esse movimento todo, como uma espécie de última cartada para levar o governador para o PFL” – explicou.
Em verdade, a ação do PFL ficou “estranha”. Na prática política clássica, convites são formulados, aceitos, etc e tal, tudo nos bastidores; a grande cúpula só vai até o convidado quando tudo já está devidamente acertado. Desta vez, não! A articulação para filiar Maggi no PFL foi quase desastrosa. “Hoje o governador pode dizer não ao PFL, que vai ficar no PPS por uma série de razões, etc. Ficará ruim para a imagem do partido e especialmente dos seus grandes líderes” – lembrou. De fato, Maggi vulnerabilizou a Frente Liberal e seus líderes. Até porque todos davam – e alguns ainda dão – como certo a filiação do governador e seu grupo político no partido.
Entrar no PFL não é o maior problema para o governador. Nem mesmo disputar a reeleição pelo partido, já que os liberais sempre tiveram ao lado de Maggi desde o primeiro dia de sua candidatura. A dificuldade que os eleitores manifestaram na primeira prévia da pesquisa encomendada pelo Governo seria o apoio ao PSDB. Hoje, no campo da oposição ao PT, tucanos e liberais estão unidos e devem permanecer assim para disputar a sucessão de Lula, com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, saindo candidato a presidente, e César Maia, do PFL, prefeito de Rio, a vice.
Numa eventual verticalização, é que surge o problema: no palanque de Mato Grosso, velhos inimigos públicos unidos: Maggi, Jaime Campos, Dante de Oliveira, Roberto França e Antero de Barros. O resultado disso seria a repetição da história em forma de fracasso ainda maior: o risco de uma derrota. “Por muito menos, o PFL perdeu o Governo em 98” – lembrou a fonte com acesso aos números da pesquisa.
Há pelo menos 15 dias o governador Blairo Maggi vem dando sinais de que não tem interesse em continuar no PPS, um partido rachado com suas várias alas, principalmente a dos históricos que não comunga com a chegada de políticos tradicionais. Mas pode acabar ficando na sigla. Além do PFL, Maggi sondou entrada no PMDB, partido na qual militou quando era estudante no Sul do país. No entanto, pelos números até aqui, o caminho pelo PPS é apontado como bem menos espinhoso. O eleitorado ainda aposta no novo, no político que não se intimida para a disputa, que aceita desafios e que mostra o novo, sem os vícios da antiga politicagem que dominou o Estado nos últimos anos e houve vive no ostracismo público.
Mas o que Maggi teme, no entanto, é justamente que a aproximação PFL-PSDB em Mato Grosso resulte numa candidatura forte a sua sucessão. Ou seja: um problema a mais. Maggi vive entre a cruz do calvário político para manter sua postura que o levou ao Palácio Paiaguas em 2002 e a espada do desgaste absurdo.