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Relator de CPI chama deputado mato-grossense de “mentiroso”

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O relator do processo contra o senador Magno Malta (PL-ES) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), qualificou na tarde desta quarta-feira de “mentiroso” o deputado Lino Rossi (PP-MT), que depôs pela manhã como testemunha de defesa do parlamentar capixaba. De acordo com Demóstenes, as explicações que o deputado deu sobre o suposto empréstimo de um Fiat Ducatto a Malta não convenceram e acabaram por complicar a situação deste último.
– Magno Malta está se enrolando cada vez mais, mas eu não possa adiantar ainda um parecer sobre o caso – disse o relator, que estranha o fato de Malta ter dito que devolvera o Fiat a Lino, mas ter apresentado um recibo sem assinatura.
Embora Malta não tenha de fato proposto emendas ao orçamento para a compra de ambulâncias, o que, em tese, o livraria da acusação de ter beneficiado a “máfia das ambulâncias” em troca de propina, o senador goiano disse acreditar que Malta “passou a perna na Planam” – a empresa que liderava o esquema. Ou seja, prometeu apresentar emendas, recebeu o veículo em pagamento, por intermédio de Rossi, mas não cumpriu suas promessas, o que poderia configurar, segundo o senador, quebra de decoro e sujeitá-lo à perda do mandato.
– O nosso trabalho é encontrar provas – disse Demóstenes, que é foi Procurador-geral de Justiça de Goiás.
Jantar
O suposto empréstimo do Fiat Ducatto também foi abordado em depoimento do ex-empresário artístico de Malta, que lidera a banda gospel Império do Mundo, Ronilson Santos Lins. Sem ser preciso em relação a datas, Lins disse que começou a trabalhar com Malta no final de 2002 e que, no início de 2003, esteve com o senador e Rossi durante encontro na TV Record, em São Paulo.
Segundo o empresário, naquela ocasião, depois de Malta apresentar Rossi aos diretores da emissora, os três saíram para jantar (e discutir missões de evangelização por meio da música) no restaurante Prazeres da Carne. Ali, diante das queixas do senador do PL de que enfrentava problemas de transporte da banda em suas turnês, o deputado ofereceu o veículo como empréstimo e retribuição pelo contato feito com a Record. O carro teria passado entre um ano e um ano e três meses em poder do grupo, que o teria devolvido por causa das altas despesas com manutenção.
– Era um carro muito confortável e transformado para viagens – observou Lins, que disse ainda hoje prestar serviços informais a Malta como empresário de shows.
Tendo tratado, a princípio, dessas apresentações como uma atividade não remunerada, Lins, em um outro momento, considerou-as como parte do “show business e do mercado fonográfico”.
– Estranho que ele tenha sido tão preciso sobre os termos da conversa no restaurante e não saiba dizer quando o carro passou a rodar com a banda e quando foi devolvido – disse Demóstenes.
Lins insistiu durante o depoimento, em que informou ser sua função agendar shows para a banda, que não se recordava da data da devolução da carro.
– Estou dizendo a mais pura verdade. Não me recordo da data da devolução. Tenho [apenas] um cálculo em mente- disse Lins.

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