Aconteceu o que era previsto. A candidatura do deputado estadual Walter Rabello (PP) a prefeito de Cuiabá sofreu nesta quarta-feira um duro golpe. Duro e decisivo golpe. Ele perdeu o programa “Olho Vivo na Cidade”, que apresentava na TV Cidade Verde, principal alavanca de sua popularidade. A demissão de Rabello foi anunciada pelo diretor-presidente da TV Cidade Verde, Luís Carlos Becare. A justificativa não convenceu: a quantidade de processos judiciais que a empresa acumula diante da postura do apresentador.
O empresário fez questão de negar que tivesse “negociado” a candidatura de Rabello com o prefeito Wilson Santos (PSDB). Nos bastidores, o que se comenta é que o empresário teria recebido uma proposta para integrar um consórcio de empresas que deverá administrar em breve a coleta de lixo de Cuiabá, cujo setor está sob investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de Cuiabá.
Ainda se diz que Becare seria o homem que disputaria o controle do trânsito de Cuiabá. O projeto de lei de privatização do setor, a partir da exploração de radares e “pardais” controladores de velocidade, pedágio e administração do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), exploração do estacionamento rotativo, entre outros. O projeto foi retirado da Câmara Municipal e deverá retornar no ano que vem ou logo após as eleições de outubro.
E não é para menos. Há inúmeros fatores que faz com que sejam suscitadas dúvidas sobre as atitudes dos envolvidos na cena política. O “esvaziamento” de Rabello tem um significado forte. A justificativa do empresário não cola direito, especialmente porque falta pouco tempo para Rabello, por obra da lei, deixar de apresentar o seu programa de TV. Ademais, o “estilo Rabello”, exarcebado e duramente condenado por inúmeros segmentos da sociedade, há tempos vem imperando na emissora.
Porém, não é só o programa de TV que conta na história. Mesmo porque o apresentador poderia resolver o problema se transferindo para outra emissora cujo proprietário tenha interesse em ter um eventual candidato forte a prefeito da Capital. Se não tiver espaço, é evidente que houve uma “blindagem” contra o político – o que muda a situação de figura. O problema é que Rabello perde o programa, o palanque, e mais: perde o maior financiador de sua campanha.
A questão agora se torna partidária. Ou seja: até que ponto o PP tem condições de “bancar”a candidatura de Rabello a prefeito. Há uma semana, quando 24 Horas News revelava os primeiros movimentos contra a candidatura de Rabello, o político chegou a descartar a tese, falou que Becare era seu amigo e que contava com a fidelidade dos parlamentares José Riva e Pedro Henry, entre outros progressistas.