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PT perde um terço de seus simpatizantes em um ano

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O PT perdeu aproximadamente um terço de seu eleitorado no país em apenas um ano: em dezembro de 2004, 24% dos eleitores apoiavam o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, esse percentual vem caindo de forma consistente: 21% em junho (quando o ex-deputado Roberto Jefferson deflagrou a crise do “mensalão”), 19% em julho, 18% em agosto, 17% em outubro –até chegar a 16% na pesquisa feita neste mês.

O índice de 24% alcançado em 2004 representou o ponto máximo de uma lenta expansão do partido no país. Pesquisa realizada pelo Datafolha em agosto de 1989 mostrava o PT como o partido preferido por apenas 6% do eleitorado nacional –contra 12% do PMDB, o primeiro colocado.

De 1991 em diante, o PT passou a obter, com bastante regularidade, índices superiores a 11%, conseguindo empatar com o PMDB entre 1996 e 1998. O partido assumiu o primeiro lugar nas pesquisas em fevereiro de 1999 (15% para o PT contra 12% do PMDB) e rompeu a marca dos 20% em dezembro de 2000 –em maio de 2002, chegou a 23% das preferências no país.

Esses dados devem ser analisados com certa cautela, pois a preferência partidária não é um indício seguro de intenção de voto. Como no Brasil o eleitor é induzido a votar em candidatos, e não em partidos, não há correlação segura entre simpatia pelo partido e voto no partido. Além disso, os eleitores, em sua maioria, dizem não ter preferência por nenhuma legenda, mas acabam votando em uma. Por isso as bancadas efetivas dos partidos em geral superam as taxas de preferência partidária.

Por exemplo, em 1990, o PMDB tinha 12% das preferências na pesquisa, mas elegeu 21,5% dos deputados federais, enquanto o PFL, que tinha 4% das preferências, elegeu 16,5% dos deputados. O PP, que tinha 4% das preferências, elegeu 8,3% dos deputados, um pouco mais que os 7,6% do PSDB, que era a legenda preferida por somente 1% dos eleitores.

No caso do PT, porém, as taxas de preferência partidária guardam maior proximidade com o percentual de deputados federais eleitos: o partido tinha 9% das preferências em 1990 e elegeu 7% dos deputados; em 1994, 9% das preferências resultaram em 9,6% de deputados; em 1998, 11% de preferências e 11,3% de deputados; em 2002, 20% de preferências e 17,7% de deputados federais.

Migração

A queda na preferência pelo PT não resultou, até agora, no crescimento da opção por outras legendas: de dezembro de 2004 a dezembro de 2005, a simpatia por PMDB, PSDB e PFL permaneceu estável em 8%, 5% e 4%, respectivamente. O que aumentou foi o número daqueles que declaram não ter preferência por nenhum partido, de 49% para 59%.

A tendência declinante do partido repete-se também nas pesquisas realizadas no Estado de São Paulo e na capital paulista. De dezembro de 2004 até hoje, essas quedas foram um pouco menos acentuadas que no resto do país: a preferência do eleitorado pelo PT passou de 21% para 16% no Estado (queda de 24%) e de 27% para 21% na cidade (queda de 22%).

A principal diferença em relação ao país, porém, reside no fato de que o índice máximo obtido pelo PT em São Paulo ocorreu antes, no início do governo Lula. Na pesquisa Datafolha realizada em abril de 2003, o PT tinha 35% de apoio tanto na cidade como no Estado de São Paulo.

Tomando esse dado como base, o partido perdeu 54% dos seus eleitores no Estado e 40% na capital desde o início do governo Lula, em 2003.

Dos demais partidos, o PSDB é o único que conseguiu extrair vantagens da decadência petista. Em abril de 2003, os tucanos tinham a preferência de 5% dos eleitores no Estado. Evoluíram para 7% em dezembro de 2004, alcançando agora 9%. O PMDB permaneceu no patamar de 6%, e o PFL evoluiu de 1% para 2%.

Na cidade de São Paulo, porém, o PSDB tem apresentado uma evolução menos favorável: a legenda tinha 7% das preferências em abril de 2003, alcançou 10% em outubro de 2004, mas declinou para 9% (em dezembro) e 4% (em agosto de 2005), retornando agora ao patamar de 7%.

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