O PSL, ex-casa do presidente Jair Bolsonaro e que foi fenômeno de votos nas eleições de 2018 tornando-se uma das maiores agremiações políticas do Brasil, começa a ter novos rostos em Mato Grosso após a saída daquele que era a maior liderança da sigla para criação de um novo partido, o Aliança pelo Brasil. Toda a diretoria do PSL foi renovada no começo deste ano com pessoas simpáticas ao deputado pernambucano Luciano Bivar, um dos fundadores do partido e ex-aliado de Bolsonaro. O grupo antigo, formado por apoiadores do presidente, trabalha para a criação do novo partido.
A presidência do PSL ficou com o advogado Aécio Guerino, chefe de gabinete do deputado estadual Ulisses Moraes (foto). O parlamentar também migrou do Democratas Cristãos (DC), assumiu como tesoureiro do PSL e terá controle sobre o orçamento de uma das maiores fatias do fundo partidário no próximo pleito. O ingresso de Ulisses no PSL teve anuência do DC e os partidos projetam uma dobradinha nacional, que em Mato Grosso começa com o apoio à pré-candidatura do deputado estadual Elizeu Nascimento (DC) ao Senado na eleição suplementar de 26 de abril para escolher o substituto da senadora cassada, Selma Arruda (Podemos).
Com a chegada de Ulisses, o PSL passa a ter três parlamentares na Assembleia Legislativa e se torna a segunda maior bancada da Casa, atrás apenas do MDB, com quatro cadeiras. Mas a situação pode mudar assim que o Aliança for constituído e se abrir uma janela de filiação à nova agremiação sem que o político com mandato seja punido. Se não houver a criação, a janela só se abre em março de 2022 ou se dois partidos se fundirem, o que não há previsão.
Um dos deputados que já sinaliza com a saída do PSL é Sílvio Fávaro. Apoiador de Bolsonaro, ele foi um dos articuladores do encontro estadual para constituição do Aliança, realizado domingo passado em Cuiabá e que contou com aproximadamente 800 pessoas, entre elas dirigentes do PSL de 20 municípios que também demonstram interesse em trocar de partido. Do grupo de Fávero, já saiu do PSL o seu chefe de gabinete, Carlos Hayashida, que deixou a secretaria-executiva estadual e a presidência do partido em Cuiabá.
O apoio de Fávero ao Aliança não é louvado pela atual diretoria do PSL, que, como integrantes da direita, se diz apoiadora de Bolsonaro, mas está longe de incitar uma perseguição ou punição por possível infidelidade partidária.
“É uma escolha dele [Sílvio Fávero]. A questão é se esta articulação vai permanecer. Se ele decidir parar e permanecer no partido, a gente não vai atrás de nenhuma punição. Acho que ele tem que pensar bem quais são as melhores opções e a gente tem que respeitar. Estamos de portas abertas para trabalhar com ele”, declarou o atual presidente, Aécio Guerino, acrescentando que também não haverá perseguição a nenhum outro membro que queira aderir ao Aliança.
“Se tiver a criação de um novo partido, nós não podemos exigir a permanência de ninguém. Nós queremos que o deputado Nelson Barbudo permaneça conosco, que os deputados [estaduais] Sílvio Fávero e Delegado Claudinei permaneçam conosco. Nós estamos trabalhando juntos e dando os espaços que cada tem em suas regiões. A gente está fazendo um trabalho de composição”.