Reunião da CPI das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH"s), realizada na Assembleia Legislativa, deu os primeiros sinais de que as investigações poderão trazer à tona um cenário marcado por irregularidades que, desde já, atinge líderes do meio político. Deputado Carlos Avalone (PSDB), dono de cinco PCH"s, foi "crivado" de questionamentos mesmo não fazendo parte das oitivas previstas. Na mira dos deputados também está o senador Blairo Maggi (PR) e o ex-secretário estadual de Meio Ambiente, Luiz Henrique Daldegan, acusados de omissão pelo engenheiro do Instituto Mato-grossense de Terras (Intermat), Carlos de Barros. Em meio aos procedimentos, o presidente da comissão, Percival Muniz (PPS), curiosamente, anunciou ações seguindo a linha "paz, amor e desenvolvimento", sem a intenção de punir diretamente.
Percival anunciou possibilidade de confecção de decreto legislativo anulando todos os atos concedidos nos últimos 10 anos para funcionamento do setor. Avalone, que tomou posse recentemente na vaga do Guilherme Maluf, do mesmo partido, se fez presente para dar explicações em razão de, em sendo proprietário de PCH"s no rio Juruena, se tornar alvo da comissão. Questionado pelo deputado Walter Rabello (PP) sobre validação ou não pela Assembleia das licenças para funcionamento do sistema, o tucano admitiu que recebeu liberação através de "acordo" feito à época.
O progressista frisou a irregularidade das operações, ressaltando artigo 279 da Constituição Estadual, que obriga a remessa dos pedidos para o Poder. Avalone também foi questionado pelo relator, deputado Dilmar Dal Bosco (DEM), que lembrou a necessidade de esclarecimento dos fatos. O parlamentar reiterou sua disposição de colaborar com as investigações. Percival lembrou que o deputado tucano poderá passar por "inquisição" dos membros da CPI, se entenderem ser importante para a evolução dos trabalhos.
Os olhos da comissão se voltaram para Maggi e Daldegan após exposição do engenheiro Carlos de Barros. Ex-diretor do Intermat, ele disse que encontrou irregularidades em processos referentes às PCH"s em 2007, que na época levou as informações a conhecimento do governo via Ouvidoria e ainda à Sema. E que mesmo cientes das falhas, o gestor do Estado e o secretário de Meio Ambiente autorizaram concessões para o setor. Percival lembrou que as informações servem para compor relatório final a ser apresentado em prazo "célere" para a sociedade.