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Presos da ”Operação Curupira” financiaram a campanha do PT em Cuiabá

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O candidato do PT a prefeito de Cuiabá nas eleições de 2004, Alexandre Cesar, recebeu doações eleitorais de envolvidos em suposto esquema de corrupção responsável pelo desmatamento ilegal de uma área de 43 mil hectares (52 mil campos de futebol) na Amazônia, em Mato Grosso.

Com o transporte de madeira extraída ilegalmente, o esquema movimentou R$ 890 milhões desde 2003, segundo a Polícia Federal, que anteontem começou a prender acusados de envolvimento no caso. Dos 127 mandados de prisão, a PF havia cumprido ontem ao menos 95.

Hugo José Werle, ex-gerente-executivo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Mato Grosso, e seu então substituto, Márcio Pinto Gomes, estão entre os presos. Cada um deles contribuiu com R$ 5.000 para a campanha de Cesar.

Além disso, três empresas investigadas pelo Ministério Público Federal por suposta participação no esquema também contribuíram para a campanha. A Solar Madeiras Especiais doou R$ 15 mil, a Cimifran Indústria e Comércio de Madeira deu R$ 5.000 e a Diagem do Brasil Mineração entrou com R$ 30 mil.

O Ministério Público apura se essas empresas foram favorecidas no esquema de corrupção, montado, segundo a própria direção do Ibama em Brasília, dentro do Ibama de Mato Grosso, gerenciado por Werle, filiado ao PT.

Embora não apareçam como doadores da campanha de Cesar, os despachantes Nivaldo do Carmo Silva e Elvis Cleber Portela estão em conversas gravadas pela PF com autorização judicial, falando da necessidade de o candidato petista ganhar para que “Hugo” não saia do cargo no Ibama.

Nessa mesma conversa, os dois citam o ministro José Dirceu (Casa Civil), que iria a um jantar da campanha para arrecadar dinheiro para a campanha de Cesar.

O presidente do Ibama, Marcus Barros, que acompanhou a operação da PF anteontem em Cuiabá, anunciou uma intervenção de dois meses na gerência do instituto em Mato Grosso. Como interventor, foi nomeado o procurador da AGU (Advocacia Geral da União) Elielson Ayres de Souza. A emissão de ATPF (Autorização para Transporte de Produtos Florestais) foi suspensa por 30 dias.

Barros anunciou a demissão de 11 servidores suspeitos de envolvimento. Segundo Barros e a PF, as irregularidades começaram a ser investigadas em setembro de 2004, a pedido do Ibama.

Outro lado
“Não fui tesoureiro da minha própria campanha. Não posso falar sobre isso. Não tenho nem informação sobre isso. Isso é novidade. Portanto não vou declarar nada. O que tínhamos a dizer divulgamos em nota”, afirmou Cesar. Ele estava em reunião e disse que não poderia dar entrevista.

A nota divulgada pelo PT estadual diz: “O PT-MT apóia a decisão do governo Lula de combater o desmatamento ilegal na Amazônia, com o desmonte de grupos que atuavam desde 1991 no Estado. Diante do fato de que entre os acusados há filiados do partido, reafirma seu compromisso com a preservação da ética”.

O PT não divulgou quantos são os filiados, além de Werle. A reportagem não conseguiu localizar as empresas investigadas.

Esquema
Segundo a PF, o esquema funcionava assim: 1) servidores públicos (47 do Ibama) vendiam ATPFs por R$ 1.000 a despachantes; 2) os despachantes emitiam o documento por R$ 2.000 em favor de 431 madeireiras fantasmas, cujos endereços correspondiam a cemitérios ou até chiqueiro de porcos; 3) tais empresas inexistentes apareciam como vendedoras da madeira para outras que de fato existiam, mas não tinham autorização para derrubar árvores.

As madeireiras simulavam comprar toras de firmas fantasmas para justificar a procedência das árvores que eram, na verdade, extraídas ilegalmente. Outro esquema dos fiscais era liberar carregamentos de madeiras nos postos de fiscalização do Ibama.

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