De dentro da Polinter, onde está preso por suposto envolvimento com desvios de recursos da Funasa, o ex-petista Valdebran Padilha enviou ao jornal A Gazeta uma carta escrita à mão na qual nega qualquer ligação com o esquema. Também diz estar sendo responsabilizado indevidamente pela “queda” do ex-coordenador da Funasa Juca Lemos, autor da denúncia que resultou na operação Hygeia, da Polícia Federal. Essa é a primeira vez que Valdebran se manifesta sobre o escândalo.
A carta foi entregue pelo advogado Roger Fernandes, responsável pela defesa de Valdebran e Waldemir Padilha, dono da Engesan e Saneng. As empresas são apontadas pela PF como beneficiárias do esquema montado em 4 estados brasileiros e Distrito Federal a partir da ligação com servidores públicos, empresários e Organizações Sociais de Interesse Público (Oscips).
“Ele (Juca Lemos) demonstra, com essas denúncias, frustração em razão da sua própria substituição do cargo de coordenador. Substituição que eu ou qualquer uma das empresas citadas jamais tivemos responsabilidade”, afirma Valdebran. Ele diz ainda não ter qualquer interesse nas nomeações para cargos políticos na Funasa, conforme apontou as denúncias de Juca.
Além de negar as acusações, Valdebran ressalta que convênios firmados com a Funasa foram atestados pelo próprio denunciante. “Se as denúncias fossem verdadeiras, demonstrariam que ele foi irresponsável ou omisso ao atestar contratos que agora ele acusa como ilegais”. Roger Fernandes diz que a banca de advogados de Valdebran e Waldemir já preparam eventuais ações para o que ele classifica como resgate da imagem das empresas e da família Padilha.
“Essas afirmações carecem de maturidade e de fatos reais que possam ser comprovadas materialmente. São acusações caluniosas e possuem o condão de denegrir a imagem de pessoas e empresas que estão diretamente ligadas a nossa família”, afirma Valdebran. Ele está preso no Anexo 1 do Presídio Pascoal Ramos, a Polinter. Ao todo, 31 pessoas foram presas temporariamente por suposta ligação com desvios de R$ 51 milhões da Funasa. A prisão deve ser prorrogada por mais cinco dias. Juca nega consentimento com fraudes. Ex-coordenador da Funasa em 2005, ele denunciou a briga de setores do PT e PMDB pelo comando da instituição em 2006. Alega que o interesse dessas pessoas seria desviar recursos. Afirma ainda ter denunciado pessoalmente desvios de recursos ao presidente Lula.