O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad, lamentou nesta quarta-feira que o deputado estadual Gilmar Fabris (DEM) tenha ocupado o tempo na tribuna em sua volta a Assembléia Legislativa para fazer gracejos e destilar aleivosias contra sua pessoa, “numa demonstração de despreparo para o exercício do cargo”. Especialmente porque o político confundiu ações institucionais com questões de caráter puramente pessoal: “Não tenho nada contra o deputado Gilmar Fabris e tampouco contra esse cidadão. A minha satisfação como presidente da Ordem não é por ele, Gilmar, ter sido cassado, mas pelo fato de a Justiça cassar alguém que foi acusado de comprar votos numa eleição” – explicou.
Faiad disse que o deputado Fabris, como político, deveria conhecer a história e a luta da Ordem dos Advogados. Segundo ele, os impropérios que o parlamentar destilou contra sua pessoa, em verdade, se constiuem numa garantia assegurada por uma luta começada pela OAB contra a repressão e a ditadura. “E quer me parecer que ele sempre passou ao largo dessa conquista” – frisou. Segundo Faiad, a OAB vai comemorar sempre que a Justiça cassar um político que tenha comprado votos. Fabris foi denunciado, julgado e condenado com a perda de mandato por unanimidade. Ele se mantém atualmente no cargo por força de uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Penso que o deputado Gilmar Fabris perdeu um tempo enorme falando da minha calvice, a qual ostento já há muito tempo, sem o menor constrangimento. Acredito que ele poderia ter usado aquele espaço nobre do Legislativo para defender o empresário do Nortão que sofre com as ações do Ibama, defender Mato Grosso das pressões internacionais, defender o trabalhador rural que não tem crédito, enfim, ele poderia estar defendendo os índios ou quem sabe até mesmo aqueles presos que são torturados dentro das delegacias. Mas não! De novo, o deputado Fabris perdeu a oportunidade enorme de falar algo em benefício da sociedade” – acentuou.
Faiad evitou discorrer sobre processos eleitorais da qual participou. Tratou de sua trajetória nas urnas como algo ocorrido e da qual tem orgulho. Desempenhou a função de vereador em Alta Floresta e tentou uma vaga de deputado estadual há 18 anos. “Nunca fui acusado de nada, absolutamente nada” – observou. “Tenho minhas opiniões pessoais sobre o deputado Gilmar Fabris, mas isso não interessa a sociedade”.
Quanto ao pedido de Fabris para que o deixe trabalhar, o presidente da OAB disse que já passou da hora do deputado fazer jus ao salário que recebe. Desde que foi eleito, o político tem se beneficiado de licenças médicas. “Ao que me consta, não é a OAB que está prejudicando o trabalho do deputado, mas o seu estado político e emocional, conforme sua licença médica informa” – observou