Na lista de irregularidades identificadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa do Mundo, o pagamento antecipado dos vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi uma das preocupações levantadas pelo presidente, deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), durante a apresentação do relatório da auditoria realizada pela empresa KPMG no canteiro de obras do modal.
De acordo com o parlamentar, é preciso se atentar ao fato de os vagões não terem sido testados como deveriam na época em que foram entregues pelo consórcio construtor ao governo do Estado, uma vez que ainda não haviam trilhos instalados nas duas cidades que receberão o VLT. “Hoje os vagões estão há quase três anos parados, sem uso. E se na hora que o VLT ficar pronto eles não funcionarem?”.
A dúvida foi esclarecida pelo secretário de Estado de Cidades, Eduardo Chiletto, segundo quem é possível glosar (deixar de pagar uma parte do valor que o governo ainda deve para o consórcio) o contrato de implantação do modal, caso seja constatado este prejuízo. Atualmente, de acordo com os dados levantados pela KPMG, o governo ainda precisa desembolsar aproximadamente R$ 602 milhões para concluir o modal.
O relatório, que já havia sido requerido pelos membros da CPI, foi apresentado, ontem à tarde, aos deputados estaduais durante reunião da Comissão Permanente de Infraestrutura Urbana e Transportes. Na ocasião, o presidente da CPI ainda questionou o secretário a cerca da apresentação dos projetos dos empreendimentos já realizados pelo Consórcio VLT Cuiabá e a observação do período de chuvas na retomada das obras.
Segundo Chiletto, o Consórcio VLT Cuiabá vem afirmando já possuir todos os projetos das obras. Além disso, o prazo de 19 meses para a conclusão do modal já leva em conta o período chuvoso na capital, ou seja, este não deve ser mais um motivo de atrasos no andamento das frentes de trabalho que serão necessárias.
A exemplo do que aponta o relatório da KPMG, Oscar Bezerra acredita que a melhor saída para a conclusão e efetivo funcionamento do VLT em Cuiabá e Várzea Grande é a realização de uma Parceria Público-Privada (PPP).
A proposta já vinha sendo defendida pelo parlamentar desde o início da CPI e foi apontada pela KPMG como a possível solução para o impasse que o governo do Estado enfrenta quanto à retomada das obras.
“O relatório da KPMG vem a coincidir com o que a CPI iria apontar no seu relatório final. Então, temos a CPI a Frente Parlamentar (em prol da Retomada das Obras do VLT) e o governo pensando da mesma forma, ou seja, os Poderes unidos na busca de uma solução para esse problema que foi instaurado na gestão passada”.