Na véspera do Dia Internacional do Trabalhador, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), protagonizou (para ficar num termo adequado ao tema) uma cena que deu vergonha a alguns moradores da capital e seguidores do gestor nas redes sociais, onde publicou peça publicitária vangloriando-se por pagar os salários do funcionalismo público em dia. Embora tenha recebido elogios, as críticas não podem ser descartadas. Nem o teor, que o acusa de “não fazer mais do que a obrigação”.
A postagem imita um cartaz de cinema e apresenta o prefeito como se fosse o Homem de Ferro, em alusão ao herói da Marvel. Diz que Emanuel Pinheiro é a estrela do filme “Salário na Conta – disponível para todos os servidores públicos municipais”. A postagem ainda é explicada com um trocadilho:
“Esse spoiler o servidor público municipal já escutou, mas vale a pena repetir: o salário ‘tá na conta’. Em respeito ao funcionalismo público, estamos cumprindo nosso compromisso de pagar os salários dentro do mês trabalhado e o servidor já vai curtir o feriado do Dia do Trabalhador com dinheiro na conta”.
O que era para ser uma postagem “engraçadinha” irritou parte dos seguidores, que viu demagogia na propaganda ao afirmar que o pagamento do salário em dia “não é mérito” e sim obrigação do gestor, além de classificarem a campanha como “mico” do prefeito.
Para bom entendedor, a peça soa mais como uma provocação ao governador Mauro Mendes (DEM), desafeto político de Pinheiro, cuja rivalidade ficou exposta e acentuada nas comemorações dos 300 anos de Cuiabá. A questão é que o pagamento do salário em dia também é promessa do governador, que ainda não conseguiu por fim ao escalonamento e tem pagado a folha estadual de forma parcelada.
As diferenças entre o governador e o prefeito vêm desde a eleição de Pinheiro e da campanha eleitoral do ano passado, quando o gestor da capital desacatou orientação do MDB e ficou ao lado do senador Wellington Fagundes (PR), mas ficaram evidentes publicamente nas comemorações dos 300 anos de Cuiabá, quando Mendes não se opôs ao posicionamento do Ministério Público Estadual em bloquear o uso da Arena Pantanal para as festividades do aniversário da cidade, o que inviabilizou a programação municipal. Mendes, que já administrou a cidade, também não compareceu na festa oficial e foi criticado.
Os embates continuaram em relação à gestão da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. Pinheiro cobra participação do governo nos custos, uma vez que parte dos atendimentos é feita a pacientes do interior, mas disse que era necessário tirar o “veneno” de Mauro Mendes antes de sentarem para conversarem. Do outro lado, o governador respondeu que “se tem veneno, é da parte dele”.