O prefeito de Tapurah (240 quilômetros de Sinop), Carlos Alberto Capeletti, afirmou, hoje, após ser afastado do cargo pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi vítima de uma decisão “antidemocrática”. O magistrado destacou que o prefeito havia incentivado a viagem de caminhões para Brasília e determinou o afastamento alegando crime democrático.
“Não fui notificado ainda. Fiquei sabendo pelas redes sociais há pouco. Ontem tive uma notificação do Ministério Público do Mato Grosso, a qual diz que tenho 15 dias para prestar esclarecimento sobre os vídeos que andei fazendo. Me pegou de surpresa. O fato de uma atitude desse tamanho totalmente antidemocrático porque eu estava exercendo o meu papel de cidadão. Estava fazendo as manifestações, chamando as pessoas no que eu acredito que esse país precisa melhorar”, comentou Capeletti, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Para Moraes, ficou demonstrada “inequívoca intenção de subverter a ordem democrática”. A decisão diz que o gestor deve ser afastado por 60 dias, devendo assumir o vice-prefeito nesse período, Odair Nunes. “O recrudescimento dos atos de hostilidade, radicalismo e violência propriamente dita, contra pessoas e o patrimônio público e privado, para além da já condenável violência em ambiente virtual, inclusive com a mensagem de insurgência contra as instituições democráticas, em especial contra a autoridade dessa Corte, decorrente da mobilização por redes sociais feita de forma não espontânea e concertada por grupos políticos e econômicos determinados”, diz trecho do despacho.
Moraes ainda prossegue “o potencial danoso das manifestações ilícitas fica absolutamente potencializado considerada a condição financeira dos empresários apontados como envolvidos nos fatos, eis que possuem vultosas quantias de dinheiro, enquanto pessoas naturais, e comandam empresas de grande porte, que contam com milhares de empregados, sujeitos às políticas de trabalho por elas implementadas. Esse cenário, portanto, exige uma reação absolutamente proporcional do Estado, no sentido de garantir a preservação dos direitos e garantias fundamentais e afastar a possível influência econômica na propagação de ideais e ações antidemocráticas”.
O ministro atende também a outros pedidos do Ministério Público de Mato Grosso, dentre eles o de aplicação de multa de R$ 100 mil aos proprietários de veículos utilizados nos atos. “Determinar a indisponibilidade dos veículos utilizados na prática de atos antidemocráticos, a começar pelos 177 veículos identificados pelo Ministério Público do Estado do Mato Grosso, com o competente registro desse gravame junto ao órgão de trânsito local”, disse Moraes.
Na decisão, o ministro cita um fala do prefeito para o Exército tomar o Congresso. “Se até o dia 15 de novembro o Exército não tomar alguma atitude em prol da nação brasileira e da nossa liberdade, nós vamos tomar atitude. Tenho certeza que, aos milhões lá, alguém vai ter uma ideia. Vamos tomar o Congresso, o STF (Supremo Tribunal Federal), até o Planalto. Se até lá o Exército não tomar uma atitude, vamos nós fazer uma nova Proclamação da República”, disse o prefeito. Moraes por outro lado, aponta que “há o incentivo de lideranças políticas que fomentam e encorajam o engajamento em atos de distúrbio social, como o praticado pelo prefeito de Tapurah, Carlos Capeletti, mediante discursos de incentivo à vinda de caminhões para Brasília, com a inequívoca intenção de subverter a ordem democrática”.
Apoiador de Bolsonaro, durante o segundo turno das eleições, Capeletti teve que se retratar publicamente e cancelou o sorteio de um carro aos moradores, após promessa caso o município fosse o líder do estado em número de votos para Bolsonaro.
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