A pré-candidatura do senador Jayme Campos, dos Democratas, ao Governo de Mato Grosso em 2010, ganhou corpo nesta sexta-feira. Reunida para discutir os rumos políticos, a sigla ganhou o apoio – considerado fundamental – do Partido Progressista, anunciado pelo deputado José Riva, presidente da Assembléia Legislativa, e também do PPS, via o presidente da agremiação, deputado Percival Muniz. Internamente, os Democratas deliberaram que não pretendem mais ser coadjuvantes do processo eleitoral, a exemplo do que aconteceu nas duas últimas eleições. Ou seja: um recado direto ao Partido da República, que abriga a articulação política do governador Blairo Maggi, e ao PSDB, de Wilson Santos, que busca ter os democratas como aliados preferenciais.
“O nome de Jayme é o mais forte para o Governo do Estado, pela sua lealdade. É preciso valorizar políticos como Jayme, que trabalham, que buscam o crescimento de Mato Grosso. O PP estará ao lado dos Democratas” – disse o deputado José Riva, que esteve no evento e reafirmou sua postura de pré-candidato ao Senado Federal. José Riva aproveitou para lembrar que imposição na política não tem mais espaço. “Democratas são importantes para a governabilidade de Maggi, sempre esteve, está até hoje ao lado do Governo, mas é preciso valorizar companheiro de primeira hora” – discursou o parlamentar.
Recado que ficou bem explicitado também pelo deputado Percival Muniz, do PPS. Ao falar no evento, o político de retórica fácil disse que se sentia “em casa” e confirmou que seu partido está fechado no nome de Jayme Campos. Ele explicou que a decisão se deve a retribuição, gratidão mesmo, ao político, que foi fundamental na construção do projeto “Mato Grosso Mais Forte”, que levou o atual governador Blairo Maggi, na época no PPS, ao Governo do Estado. Já naquela ocasião se dizia que Jayme Campos seria o candidato do grupo em 2010. Ou seja, o PPS estaria sendo coerente no acordo político.
Contudo, não foi bem assim que os caminhos políticos seguiram. Hoje, o nome do senador democrata enfrenta duras resistências dentro do partido do governador bem como do próprio Palácio Paiaguás, que articula pelo nome do vice-governador Silval Barbosa, do PMDB. Percival “cobrou a fatura”. Usando de efeitos discursivos, ele lembrou da aliança iniciada nas conversações políticas entre Roberto França, na época do PSDB e preterido pelo partido que apoiava o nome de Antero de Barros ao Governo; Jayme Campos, oposicionista do Governo de Dante; e ele próprio, Percival. “Éramos tratados como restos pelo Governo Dante de Oliveira” – provocou. Percival disse que a conquista do Governo por Maggi foi “fruto de companheirismo político entre os três”.
“Tínhamos um restinho de pólvora” – brincou, chamando o projeto construído “por mentes e corações”. O líder do PPS destacou que os integrantes da sigla optaram por manter o projeto de Jayme por considerar que os partidos devem entregar aos eleitores a opção de um nome “já testado e aprovado”. Nesse sentido, abriu elogios ao senador democrata, que governou o Estado entre 1990 e 1994. Na época, não havia reeleição. Muniz apelou inclusive para os aspectos do regionalismo, ao lembrar que era hoje do Governo de Mato Grosso ser devolvido a alguém da chamada Baixada Cuiabana. Na história, lembrou da Guerra do Paraguai e prometeu que o PPS vai se empenhar como os soldados brasileiros, erguendo-se “com unhas e dentes” para defender o projeto.
Apontado o apoio dos socialistas, Percival não escondeu que existe a possibilidade de acabar como candidato a vice na chapa de Campos. Fora a reeleição a deputado estadual, só não descartou a vice. Ele disse, por exemplo,que não gostou de ser deputado federal e que seu nome ao Governo “atrapalharia muito as coisas, as articulações”. Da mesma forma, como senador, já que os ares de Brasília não o fizeram tão bem. Nesse caso, sobraria a vice. Fatura apresentada.