A crise na base oposicionista ganha novos capítulos com a debandada de lideranças ligadas a coligação Coragem e Atitude para Mudar, encabeçada pelo candidato a governador Pedro Taques (PDT). Enquanto o prefeito Mauro Mendes (PSB) tenta contornar a situação e evitar o fechamento de apoio de 14 vereadores com o candidato ao governo José Riva (PSD), o prefeito de Lucas do Rio Verde, Otaviano Pivetta (PDT) coloca ainda mais lenha na fogueira ao declarar que “aqueles que estão atrás de bajulação devem mesmo se unir a Riva”.
A declaração de Pivetta foi dirigida ao vereador por Cuiabá, Lilo Pinheiro (PRP), que acusou o prefeito de quebrar acordo no período das convenções, sobre a lista de candidatos nas chapas proporcionais. As desavenças geraram reunião de postulantes do PRP ontem, que já contabilizaria decisão de 9 do total de 11 candidatos, incluindo dois à Câmara Federal, de abrir mão da disputa. Isso porque Pivetta teria validado a inserção, após o dia 30 de junho, da postulação do vereador por Lucas do Rio Verde, Dirceu Camilo Pasma (PV), na lista de candidatos ao Poder Legislativo.
“Até a próxima segunda-feira devemos chegar a unidade, ou seja, nenhum dos nomes do partido disputará porque a atitude de Pivetta foi desleal, faltou com a palavra. Ele descumpriu com o acordo, porque o Dirceu é candidato dele e foi alçado ao posto de candidato estadual depois das convenções”.
De pronto, Pivetta disse que não pode responder pelo PV, mas que sim, respalda o nome de Dirceu. O prefeito, um dos coordenadores da campanha de Taques, sustenta ser Lilo Pinheiro um “seguidor do rei da Assembleia”, em menção ao adversário na corrida ao comando do Estado, deputado José Riva.
Pivetta desafiou Lilo, ao pontuar que não acredita na debandada geral do PRP. E foi mais adiante, alfinetando o desafeto. “Temos que fazer uma política de mudança e esse tipo de gente é bom que não esteja conosco, porque tem atitudes que não são republicanas. Nosso projeto é de mudança, de transformação e não comporta esse tipo de fazer política. Não vamos fazer bajulação. Chega desse jogo. Quem não se enquadrar na nossa proposta é bom que esteja fora. Vida longa para ele, que seja feliz”.
Nesta sexta-feira o grupo da oposição amargou novas baixas. Vereadores de Barra do Garças declararam anuência a Riva. No interior, o saldo positivo do PSD comporta ainda simpatia aos planos do parlamentar, declarada ontem pela prefeita de Pontal do Araguaia, Divina Maria da Silva Oda (PROS).
O prefeito Mauro Mendes (PSB) deu início ontem a uma forte articulação para tentar conter a crise política instalada na câmara, em razão da maioria dos parlamentares acenar apoio ao candidato pelo PSD ao governo, deputado José Riva, atingindo de cheio o projeto da oposição liderada pelo adversário do pessedista, senador Pedro Taques (PDT). Mauro, que admite o quadro de instabilidade a Taques, teria buscado junto ao presidente, Júlio Pinheiro (PTB), resgate do apoio ao senador pedetista e a contenção dos reflexos negativos. Não teria logrado êxito até agora.
Pinheiro, segundo fonte, teria alertado o prefeito de que esse quadro não é vontade sua, e sim descontentamentos individuas que não dependem dele para serem resolvidos. Fonte também assegura que os dissabores com Taques dificilmente serão contornados, e que a seara dos diálogos está afetada.
O líder do governo no Legislativo, vereador Leonardo de Oliveira (PTB), também reconheceu o panorama pouco amistoso para Pedro Taques. E ao avaliar o mal estar, tentou reduzir o impacto, destacando que “não seriam tantos parlamentares” no grupo que respalda o candidato do PSD. Disse ainda que não tratou do assunto com Mauro Mendes na sexta-feira, mas que buscaria reunião com o prefeito até a próxima segunda-feira, para discutir esse contexto e uma possível tática para garantir equilíbrio em favor de Taques no Legislativo.
O imbróglio entre o senador pedetista e Pinheiro, face a falta de entendimento para definição do coordenador das ações pró-Taques na Casa de Leis, contabiliza, segundo fonte, apoio de 14 vereadores para Riva, com chances de chegar a 18. Líderes do PSD também investem numa eventual ampliação desse número, em rodadas de reuniões nos próximos dias.