A Polícia Federal tenta identificar o homem que entregou cerca de R$ 1,7 milhão ao advogado Gedimar Pereira Passos e para o empreiteiro Valdebran Padilha, suspeitos de intermediar a compra de um dossiê contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin a membros do PT.
Preso num hotel da zona sul de São Paulo, Passos se apresentou à PF como advogado do PT de Mato Grosso. Padilha é filiado ao PT e foi tesoureiro da campanha do partido para a Prefeitura de Cuiabá de 2004.
Em depoimento à PF, em São Paulo, Passos disse que recebeu o dinheiro de um membro do PT paulista. O advogado apenas forneceu uma descrição física do suposto petista e disse que não sabia seu nome.
As investigações devem ser retomadas nesta segunda-feira. Passos e Padilha permanecem detidos na PF.
Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, e seu tio, Paulo Roberto Dalcol Trevisan, que foram detidos durante a mesma ação, estão presos em um anexo do presídio Pascoal Ramos, em Mato Grosso.
A operação foi desencadeada pela PF na sexta-feira, com a prisão de Vedoin, em Cuiabá, depois que seu tio informou que ele tinha fotos e um DVD que ligariam Serra –candidato ao governo de São Paulo– e o presidenciável Alckmin à Planam, empresa de Vedoin. Tio e sobrinho devem responder por ocultação de provas.
Trevisan foi preso no dia seguinte, em sua casa, em Cuiabá. A Justiça decretou sua prisão temporária e ele deve permanecer detido durante esta semana. Já Vedoin deve continuar detido porque perdeu o benefício da delação premiada.
R$ 20 milhões
Inicialmente, segundo Passos, Vedoin teria pedido R$ 20 milhões pelo dossiê. O preço acabou sendo reduzido a R$ 2 milhões e, além do cofres PT, o dinheiro teria vindo de uma revista.
A função de Passos, que é agente aposentado da PF, seria analisar o material.
Padilha, segundo o Diretório do PT de Cuiabá, chegou a ser indicado para um cargo de diretor da Eletronorte no início do governo Lula. Mas uma ala do PT impediu a nomeação enviando um dossiê contra ele sobre superfaturamento em prefeituras de Mato Grosso.