A Polícia Federal prendeu, há pouco, em Cuiabá, o conselheiro afastado e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Waldir Teis, 66 anos, sob acusação de atrapalhar as investigações na Operação Ararath – que apura corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro. Ele foi conduzido para a sede da superintendência onde presta depoimento.
A prisão foi pedida pelo Ministério Público Federal e a ordem foi dada pelo ministro Raul Araújo, relator da Operação Ararath no Superior Tribunal de Justiça, tendo como base relatório da Polícia Federal que revelou indícios de que o conselheiro tentou embaraçar as investigações, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão em seus endereços. A tentativa de obstruir a Justiça foi presenciada pela Polícia Federal que registrou a ação em foto e vídeo.
A PF e Ministério Público Federal identificaram que os cheques “são de empresas ligadas à organização criminosa da qual o conselheiro é suspeito de integrar. Os canhotos dos cheques somam mais de R$ 450 mil. Na decisão, o ministro Raul Araújo apontou indícios de materialidade e autoria dos crimes investigados e decretou a prisão preventiva para a garantia da ordem pública, para a conveniência da instrução criminal e também pelo perigo gerado pelo investigado contra a elucidação dos fatos”.
Há duas semanas, haviam sido cumpridos mandados de buscas e apreensões, autorizadas pelo STJ, em uma sala comercial, no centro a capital. A assessoria do MPF informa que policiais federais flagraram Teis “tentando destruir cheques assinados em branco e canhotos de cheques – jogando-os na lixeira do prédio, depois de descer correndo 16 andares de escada. A tentativa do conselheiro foi filmada e fotografada. Só não houve prisão em flagrante por que, como magistrado, o conselheiro tem imunidade que restringe a possibilidade prisões quando se tratar de crimes afiançáveis”. O MPF também quer a prorrogação do afastamento do conselheiro até o trânsito em julgado da denúncia.
As buscas que haviam sido feitas incluíram 33 empresas que estão sendo investigadas.
Teis e mais 4 conselheiros afastados do TCE (José Carlos Novelli, Antonio Joaquim, Sergio Ricardo e Valter Albano) e são acusados, na delação do ex-governador Silval Barbosa, de receber propina para aprovar as contas da gestão de Silval, que ficou preso por corrupção e desvios.
Outro lado
A defesa de Teis deve ingressar, ainda hoje, no STF, com pedido do relaxamento da prisão. O advogado Diógenes Curado, ex-delegado da Polícia Federal, apontará no pedido de liberdade a resolução do Conselho Nacional de Justiça que prevê relaxamento de prisão preventiva para pessoas do grupo de risco de contágio da Covid-19.