A Polícia Federal iniciou, há pouco, nova fase da operação Lava Jato e esteve na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os federais cumpriram mandados para conduzir o ex-presidente para prestar depoimentos. Inicialmente, estava sendo cogitado que ele seria conduzido a Curitiba (PR) de onde foram expedidos, pelo juiz Sergio Moro, as ordens judiciais. Mas Lula está depondo na sala da PF no aeroporto em Congonhas (SP). Ele foi levado em uma viatura descaracterizada.
A Folha de São Paulo informa que Lula estava "tranquilo" quando os federais chegaram na sua casa. Quatro viaturas entraram no condomínio e 10 agentes ficaram na portaria. Lula havia obtido habeas corpus para não ser preso em São Paulo, mas a ordem de ser conduzido a depor foi expedida pela justiça federal do Paraná.
A esposa dele, Marisa, também é alvo da operação. Buscas também estão sendo feitas na casa do filho do ex-presidente, Lulinha, e do outro filho, Fabio da Silva, Marcos Claudio e Sandro Luis e uma nora do principal líder do PT. O atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também é conduzido coercitivamente.
Ainda não foi informado o que foi apreendido na casa do ex-presidente. Há evidências que Lula recebeu vantagens indevidas do esquema de corrupção da Petrobras, através da empreiteira OAS, estimados em R$ 1,3 milhão, entre 2011 e 2016. "Em 2014, Lula teria recebido cerca de R$ 1 milhão só em reformas no apartamento" e o Ministério Público Federal aponta fortes evidências que "o ex-presidente Lula é o dono do triplex" reformado pela empreiteira. O MPF também investiga repasses ilegais para Lula através de palestras e aponta que Lula é investigado, embora negue, de ter comprado o sítio, em 2010.
O site da Veja informa que há evidências de que a empreiteira OAS tenha desembolsado mais de R$ 750 mil para reformar o triplex de Lula no Guarujá, além de ter quitado despesas de mais de R$ 320 mil em móveis de luxo para a cozinha e para os quartos do imóvel. "A suspeita é de que a reforma e os móveis constituem propinas decorrentes do favorecimento ilícito da OAS no esquema da Petrobras", diz o Ministério Público. Além das suspeitas que recaem contra Lula, argumentam os procuradores da Lava Jato, "há fortes evidências de que outros líderes e integrantes do Partido dos Trabalhadores foram agraciados com propinas decorrentes de contratos da Petrobras", dentre eles o ex-ministro José Dirceu, que está preso.
A PF informou que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato. Também há mandados judiciais em Salvador, Rio de Janeiro, Diadema (SP), Santo André e Manduri e novamente na sede da Odebrecht, além da Game Corp (empresa de Lulinha). Em São Paulo, estão sendo cumpridos 18 mandados. Fernando Bitar, que seria dono do sítio frequentado pela família, também será conduzido para depor, além do empresário Jonas Suassuna Filho, sócio de Lulinha. Cerca de 200 policiais e 30 auditores da Receita Federal participam da 24ª fase da Lava Jato.
Ontem, foi publicada reportagem, pela revista Época, de delação premiada do senador Delcidio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo que ficou mais de 80 dias preso, acusando Lula de mandar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, que fez delação premiada, para que não acusasse o amigo do ex-presidente, o pecaurista Jose Carlos Bumlai, acusado de conduzir a reforma no apartamento triplex que seria do ex-presidente e de iniciar as obras no sítio em Atibaia, que depois teve obras concluídas pela empreiteira OAS. Delcidio também teria acusado a presidente Dilma de fazer articulação, no judiciário, para tentar soltar empreiteiros que foram presos. O governo negou, ontem, ter feito pressões em ministros do judiciário para soltar envolvidos na operação e acusou Delcidio "de vingança".
A PF colocou nome na operação de hoje de Aletheia, termo grego que significa "verdade", "realidade".
Em instantes mais detalhes
(Atualizada às 08:42h)