O PMDB e o PT decidiram, em comum acordo, solicitar junto às executivas nacionais ingresso de consulta junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre os preceitos da fidelidade partidária aplicada ao mais novo partido, a Mobilização Democrática, oriundo da fusão entre o PPS e o PMN. Presidente estadual do PMDB, Carlos Bezerra, teria entendimento prévio com o líder nacional, Valdir Raupp, para viabilizar a proposta. Presidente do diretório regional do PT, William Sampaio, confirmou a meta, com o propósito de dirimir dúvidas sobre a aplicação ou não de pedido de cassação de mandato para infiéis que poderão aderir ao MD.
Existem discordâncias no âmbito da interpretação jurídica sobre a aplicação das regras da infidelidade partidária, prevista na resolução 22.610/07 do TSE. Especialista na área de direito eleitoral, o advogado Hélio Ramos, abriu questionamentos nessa semana sobre o assunto. Hélio destaca que a resolução estima resguardo para membros das siglas extintas com a fusão, nesse caso o PPS e o PMN, para ingressarem em outra legenda se porventura se sentirem prejudicados.
Para ele, a norma é clara e não assegura direito a filiados de outros partidos aderirem à sigla com base em fusão. Nessa ótica, a resolução faz previsão sobre "janela" para partidos novos, o que não poderia ser aplicado ao MD, em razão de construir nomenclatura para agremiações já existentes. Há controvérsias, com entendimento de membros do MD de que o partido possui direito a janela para adesão de representantes donos de mandato.
Bezerra e líderes do PT estadual se reuniram na segunda-feira à noite, em Cuiabá, para estreitar laços rumo às eleições de 2014. Mantém inicialmente tendência de continuar aliados, para reeleição da presidente Dilma Rousseff e para fazer o sucessor do governador Silval Barbosa (PMDB). Veio à tona o novo cenário verificado no Estado após o anúncio do MD, sigla costurada em Mato Grosso pelo então presidente do PPS e prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz. O MD trabalha para lançar candidatura ao governo, está muito próximo do senador Pedro Taques (PDT) e deverá ter como presidente a deputada Luciane Bezerra, que deixa o PSB. Taques é nome forte nas conjecturas para o comando do Palácio Paiaguás, o que coloca em revisão os planos.
Ao analisar a seara, Bezerra reiterou que "o PMDB não teme desfiliação em massa, mas estará preparado", dando sinais de que o partido busca desde já instrumentos de proteção. Na mesma linha segue o PT. William Sampaio reconheceu as forças políticas em pleno movimento no Estado. E antecipa a posição da legenda face as "novidades". "Temos que ponderar sobre as mudanças e sobre a aplicação das regras, como as medidas que impõem restrições para novos partidos. Existem conflitos a respeito das interpretações para filiação em partidos como o MD, que surgem após fusão. A consulta deve dar uma diretriz para esses casos e precisamos estar com um sistema claro, onde as regras sejam transparentes".