Os dois principais partidos que formaram a base de sustentação do governador Blairo Maggi no projeto da reeleição se declaram foram da administração estadual. Depois do PFL, que se mostrou insatisfeito com o tratamento dado pelo gestor estadual na formação do seu secretariado, agora foi a vez do PMDB. O presidente do Diretório Regional, Carlos Bezerra, eleito deputado federal, anunciou que o partido estava “dispensando” o convite para ocupar o segundo escalão do Governo. O partido continuará exercendo apenas a vice, com o ex-deputado Silval Barbosa.
Bezerra disse que recebeu diversas manifestações de revolta dos peemedebistas contra as declarações do governador sobre o nível dado a participação partidária. Espécie de “cacique” partidário por comandar uma legenda com braço de ferro por tantos anos, Carlos Bezerra disse que não aceita que a sigla seja colocado como sendo de segundo escalão. “Infelizmente pegou mal o governador ter declarado isso. Tenho recebido muitas manifestações de indignação” – frisou, descartando, por outro lado, a hipótese de rompimento com o Governo.
Estratégico, Bezerra implementará as discussões partidárias colocando o partido como “fora da administração”, mas com o poder de cobrar as medidas necessárias para que sejam realizadas as mudanças programadas pelo governador. Citou como exemplo a questão fiscal e tributária do Estado. O PMDB continuará, segundo ele, se posicionando favorável a redução da carga tributária para os segmentos mais representativos de consumo. “Espero que a questão tributária possa ser revista e acho que ele vai cumprir essa promessa”, destacou Bezerra.
Diferente do PMDB, o PFL ainda luta para ganhar espaço no Governo. Com uma bancada forte na Assembléia Legisltiva e dois senadores, a sigla considera que foi “esquecida” pelo governador na hora de montar o segundo Governo. O senador Jaime Campos e os deputados Humberto Bosaipo e Dilceu Dal´Bosco consideram que os cargos de Vilceu Marchetti, secretário de Infra-Estrutura; e Gilberto Goelnner, de Desenvolvimento Rural, são escolhas pessoais do governador. Eles dizem que o partido não foi consultado.
Maggi e PFL, em verdade, tem feito, à leitura dos fatos, um “casamento político” baseado nos interesses de cada um. A disputa por espaço vem de longa data, antes da formação do primeiro secretariado de Maggi. A temperatura dos desentendimentos aumentou depois que a sigla perdeu o controle da Casa Civil, então nas mãos do deputado Joaquim Sucena – não reeleito agora. De lá para cá, PFL e Maggi não conseguiram ter uma convivência pacífica. Em que pese a fidelidade da bancada de deputados no Legislativo – principal meio para se saber, de fato, a repercussão dos desentendimentos – o relacionamento sempre passou ao largo da cordialidade. A ponto de, na formação da aliança para a reeleição, o PFL ter chegado a assinar uma espécie de “carta compromisso” com o PSDB, principal partido de oposição.
A insatisfação com Maggi, contudo, não se limita ao PFL. Dentro do próprio PPS, partido ao qual o governador ainda se “segura”, a instabilidade é considerada elevada. A falta de preocupação do governador para acomodar algumas situações fáceis de serem resolvidas ficou aparente. Muitos achavam, por exemplo, que Roberto França, segundo suplente da coligação, acabaria retornando ao Legislativo. Especialmente porque ninguém mais aposta “uma ficha” de que Percival Muniz vai sustentar sua luta judicial para permanecer no cargo – o que levaria França para a primeira suplência.