Na entrevista que concedeu nesta quarta-feira (21) e após reconhecer as dificuldades para manter sua candidatura à Presidência do Senado, o senador Garibaldi Alves Filho disse que votará em José Sarney (PMDB-AP) para o cargo. Sarney anunciou a própria candidatura na véspera, após conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Não vou votar de luto. Vou votar no Sarney”, afirmou o atual presidente do Senado.
Garibaldi Alves reconheceu que sua candidatura ficou “insustentável” após anúncio de que Sarney deseja concorrer ao cargo.
“É só uma questão de formalizar a renúncia. Recebi apelo de alguns senadores para esperar a reunião da bancada (na próxima quarta-feira, 28), mas não posso deixar de dizer que a candidatura ficou em situação insustentável, a despeito de todos os pareceres jurídicos favoráveis a ela; se há uma outra candidatura sem risco nenhum de um homem que também prestou vários serviços ao Senado”, afirmou.
Garibaldi afirmou que não se sente traído pelo PMDB, que chegou a indicar oficialmente o seu nome para presidir o Senado. Ele destacou ainda que desistirá da candidatura para proteger a bancada.
“Que fique bem claro para todos: o problema é que quero preservar a minha bancada. Não quero expor minha bancada a nenhum risco de sofrer questionamento jurídico”, afirmou, referindo-se à possibilidade de ter a candidatura questionada por ser proibida a reeleição dentro da mesma Legislatura.
O presidente do Senado reconheceu, porém, que se sentiu exposto pela bancada – ao ter sido lançado candidato e depois ver surgir outro postulante do mesmo partido – mas considera que essa exposição terminou sendo “benéfica para o PMDB”.
“Prestei um serviço, mas não estava guardando o lugar de ninguém. Eu era um candidato para valer”, garantiu.
Garibaldi contou também não ter recebido nenhuma oferta de cargo, mas confessou que espera ser lembrado para alguma função relevante na próxima Legislatura.
Garibaldi Alves acredita que os parlamentares oposicionistas optarão também pelo nome de José Sarney, que deverá disputar a presidência com o senador Tião Viana (PT-AC).
“Tião é muito qualificado, mas é representante do PT. O Sarney é da base de apoio ao governo, mas acho que é um nome que poderá ter uma atuação mais independente”, – disse.
Ele disse esperar que o próximo presidente da Casa leve em consideração algumas bandeiras levantadas por ele. Como exemplo, citou as lutas pela transparência do Senado, contra o nepotismo e contra o excesso de medidas provisórias .
A entrevista foi concedida no Tribunal de Contas da União (TCU) após sessão extraordinária da qual Garibaldi participou destinada a celebrar a posse do auditor do tribunal Weder de Oliveira.