A possibilidade de apoio oficial do PMDB ao governo federal será submetida ao conselho político do partido, que deverá se reunir no prazo de duas semanas para discutir se integrará a coalizão política no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes disso, os integrantes da Executiva Nacional da legenda devem se pronunciar sobre o possível apoio do PMDB ao governo.
A decisão foi anunciada hoje (22) pelo presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), que esteve reunido durante cerca de uma hora e meia com o presidente Lula, no Palácio do Planalto.
O deputado afirmou que recebeu de Lula uma proposta de agenda mínima de coalizão em troca do apoio do PMDB ao governo, composta de sete itens. As propostas, segundo o presidente da legenda, vão desde as reformas política e tributária até a criação de um conselho político composto pelos partidos de coalizão, para acompanhar as ações de governo, passando por uma política econômica, fiscal e monetária comprometida com o crescimento mínimo de 5%, nos próximos quatro anos.
Em entrevista coletiva ao final do encontro, Temer disse acreditar que, com base em consultas a integrantes da legenda, que a “amplíssima maioria” dos peemedebistas apóia o governo Lula, assim como os todos os governadores do partido. No entendimento de Temer, esse apoio significa ser “co-responsável por políticas públicas para o país”.
De acordo com Temer, essa agenda de coalizão “facilita muito a presença do PMDB”. Ele destacou a importância do gesto, sob o ponto de vista institucional. “O governo tomou a providência de fazer esse trato institucional com os partidos políticos, tomou a providência de apresentar uma pauta, acho que isso é ímpar, é inédito, eu, pelo menos, não me recordo de uma conjugação de forças políticas, no passado, que se ancorasse numa proposta de projetos para o país”.
No entendimento do deputado, a atuação do governo no segundo mandato poderá ser melhor se o presidente Lula contar com o apoio de vários partidos políticos. “Nós achamos que poderá fazer um governo melhor na medida em que há digamos instituições que estão agrupadas, reunidas, pensando no país”.
Mas, o deputado, a decisão final sobre o apoio do PMDB ao Executivo caberá ao conselho político do partido, formado por cerca de 150 membros, entre governadores, presidentes de diretórios estaduais, a executiva, ex-presidentes do partido, da República e da Câmara e do Senado. “É um foro muito qualificado de todo o partido para discutir essa matéria”, avaliou o parlamentar.
De acordo com Temer, o partido “não aceita apoio em troca de cargos”, mas em troca de projetos. No encontro com Lula, o eventual convite para ocupar cargos no governo não chegou a ser discutido, de acordo com o peemedebista. Segundo ele, essa discussão será uma conseqüência dos entendimentos iniciados hoje.
Além de Temer, participaram do encontro o ex-governador Orestes Quércia (SP) e os deputados Moreira Franco (RJ), Tadeu Filippelli (DF) e Henrique Eduardo Alves (RN). À exceção de Moreira Franco, os demais peemedebistas integram a Executiva do partido.