Palavras pra cá, frases pra lá; ameaças aqui, ensaios acolá. E assim vai se desenhando o quadro eleitoral em Mato Grosso. Com a verticalização bem próxima do fim, devendo ser confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o PFL assumiu a estratégia de risco: usar a oposição para garantir – se confirmada as regras de alianças para as eleições deste ano – o nome de Jaime Campos como candidato ao Senado. Tanta pressão já deu resultados: o senador Jonas Pinheiro, cujo nome vem sendo usado pelo PFL, que usa o nome da oposição para bancar força, abrirá a temporada de negociações num encontro com o governador Blairo Maggi, em Brasília, no começo do mês.
O PFL, neste momento, dá as cartas. Literalmente! Com o Governo certo de que precisa do partido para manter a aliança “Mato Grosso Mais Forte” e, ao mesmo tempo, eliminar eventuais dificuldades num processo eleitoral, os líderes da sigla decidiram bancar o jogo. Sem a garantia de que Jaime Campos será o candidato ao Senado, o PFL fará a opção de empunhar a bandeira da oposição. Jonas fala que a oposição o quer como candidato anti-Maggi – como se o eleitor não soubesse da ligação profunda entre o senador e o governador. Mas tá valendo.
Na “sexta-pefelista”, o que se viu foi um partido abrindo a discussão da conjuntura política, pós queda da verticalização, bastante resistente. Jaime Campos mostrou mágoas com o fato de ter perdido a Prefeitura de Várzea Grande para um socialista – que não chega a ser de carteirinha, mas que bancou o jogo de oposicionista. Em verdade, usou a situação como balanço na alavancagem de críticas. Ao destacar que não se discutiu em 2002 os projetos de 2004 e até de 2006, ele levou o PFL a assumir o erro primário de estratégia partidária. Campos, no entanto, velho político, não costuma errar. Portanto, atribui-se a revolta ao discurso inflamado de busca de posicionamento.
Sem a verticalização, Jonas Pinheiro já deixou claro que não é candidato ao Governo. Seus interlocutores sabem disso. Tanto que ele mesmo se apega a um discurso relativo ao assumir que se mantém candidato: “Estão discutindo a Lei que ainda não foi votada. A lei passou somente no primeiro turno e tem o segundo turno. Além disso, existe um protesto por parte de alguns parlamentares. Portanto, tudo ainda está indefinido” – disse. E frisou: “Não estou mudando o discurso e desde o inicio que foi divulgado por muitas vezes que se não cair a verticalização teremos candidato”. Em seguida, o político experiente joga o assunto para a base partidária definir.
O uso da oposição para alavancar privilégios dentro da aliança “Mato Grosso Mais Forte”, que sustentará a reeleição de Blairo Maggi, passou dos limites. Foi tanta que os líderes pefelistas falaram que até mesmo o PT estaria interessado no nome de Jonas Pinheiro para atuar na frente anti-Maggi. Logo o PT. Pura balela e exagero. Pinheiro foi tão adverso que chegou a falar que até membros do próprio PPS o procuraram para apoiar sua eventual candidatura. Difícil de acreditar. Ainda assim, o assunto pegou: Maggi vai conversar com Jonas em Brasília para começar a compor.