As Prefeituras de Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Claudia, Vera, Guarantã do Norte, Alta Floresta, Juara União do Sul, Santa Carmem, Nova Canaã do Norte, Marcelândia, Tabaporã, Aripuanã, Colniza, Nova Bandeirantes, Nova Ubiratã, Terra Nova do Norte estão na lista das 76 prefeituras que estão sendo investigadas pela Polícia Federal por supostas irregularidades nas licitações para compra de ambulâncias, a partir do ano de 2001. Não foi informado, pela Polícia Federal, o ano em que ocorreram as supostas fraudes em cada município do Nortão. A informação é que foram a “partir de 2001”. Com isso, vários dos atuais prefeitos não estariam envolvidos no caso.
A perícia da Polícia Federal analisou 162 processos licitatórios de 73 prefeituras, a maioria carta-convite, e constatou que em 158 delas foram vencedoras apenas três empresas “fantasmas” do grupo Planam, cujo proprietário, sócio, assessores de deputados e funcionários do Ministério da Saúde foram presos na ‘Operação Sanguessuga’, semana passada.
Em Mato Grosso, 75 inquéritos vão ser encaminhados para a Justiça Federal amanhã. O delegado da Polícia Federal em Mato Grosso, Tardeli Boaventura, explicou que indiciamento de prefeitos e ex-prefeitos dependerá da determinação da Justiça. “Se a Justiça entender que houve participação dos prefeitos, encaminhará para o Tribunal Regional Federal e depois o inquérito vai voltar para a PF fazer o indiciamento dos prefeitos”, declarou o delegado.
Os demais inquéritos são específicos para pessoas acusadas por corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, falsificação de documentos públicos e lavagem de dinheiro.
Os fraudadores atuavam junto às prefeituras para que as empresas do grupo Planam ganhassem as licitações. As evidências apuradas pela polícia são que a empresa pagava propina para assessores de parlamantares que destinavam as emendas para liberar recursos do Governo Federal e comprar as ambulâncias superfaturas para as prefeituras. A PF também investiga se deputados federais receberam propina. Dentre os investigados estão os mato-grossenses Ricarte de Freitas Junior, Pedro Henry, Lino Rossi, e Thelma de Oliveira. O deputado Welington Fagundes também estaria sendo investigado. São 51 parlamentares investigados. A Polícia Federal enviou a lista para os presidentes do STF, Ellen Gracie, da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além da Procuradoria Geral.
Além das fraudes nas licitações das prefeituras, a quadrilha da Planam trabalhava no Congresso Nacional para elaborar emendas parlamentares e no próprio Ministério da Saúde para liberação de recursos. Eram, de acordo com a polícia, 22 empresas de fachadas e foram apenas “criadas” para constar que algumas “disputavam” a referida licitação nas prefeituras. O esquema era centralizado em Cuiabá, onde é a sede da Planan, que vinha sendo comandada por Luiz Antonio Trevisan. Ele também estaria comandando a empresa Santa Maria, outra que participava de licitações. A Polícia Federal investiga o fornecimento de mais de mil ambulâncias e equipamentos hospitalares para Mato Grosso e outros Estados.