A oposição só deve ter amanhã, uma resposta sobre a decisão do governo em ceder a presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará usos indevidos de cartões corporativos.
Na dúvida, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), já iniciou a coleta de assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado com o mesmo objetivo de investigação.
Hoje, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), procurou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), para obter uma resposta sobre a reivindicação de tucanos e do Democratas (DEM).
Segundo ele, Jucá informou que está insistindo no compartilhamento dos cargos e pretende reunir-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ter uma resposta até amanhã.
Oposição e governo travam uma queda-de-braço em torno da divisão do comando da CPMI. Assim que o requerimento foi protocolado na Mesa Diretora do Senado, na quinta-feira da semana passada, o PMDB e o PT anunciaram os nomes do senador Neuto de Conto (PMDB-SC) para a presidência e de Luiz Sérgio (PT-RJ) para a relatoria.
A resposta da oposição foi imediata. DEM e PSDB começaram a falar em uma CPI exclusiva do Senado, para se contrapor à iniciativa dos governistas, a qual o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), qualificou de “provocação”.
Agora os oposicionistas trabalham em duas frentes: primeiro tentar negociar com o governo a divisão dos cargos. Se houver uma negativa, a idéia, segundo Guerra, é partir para uma CPI do Senado.
“Estamos completamente informados e preparados. No caso de uma CPI conjunta [Câmara e Senado] vamos fazer um trabalho bastante forte. Fora disso, haverá uma CPI do Senado que não será do DEM nem do PSDB. Será composta pelo DEM, pelo PSDB e por senadores que tem elevada responsabilidade e espírito público”, afirma o presidente do PSDB.
Qualquer decisão que seja tomada, ressalta Guerra, contará com “total apoio” dos partidos de oposição. Ele admitiu a possibilidade de retirada dos representantes do PSDB e do DEM da CPMI, como forma de inviabilizar os trabalhos da comissão caso percebam que a intenção seja realizar uma investigação “chapa-branca”.
O presidente do PSDB destaca, no entanto, que essa decisão não está tomada e que caberá aos líderes partidários. Tanto tucanos como os parlamentares do DEM agem numa espécie de sintonia fina com as decisões e declarações dos governistas.
“A cada momento há notícias. Vamos esperar que elas se confirmem do ponto de ista do governo, qual é a atitude deles”, afirma Guerra.
Agripino Maia, líder do DEM, espera que, neste meio tempo de ações e reações, os líderes da base aliada e da oposição mantém conversas para se tentar, por meio do diálogo, um acordo que permita o andamento dos trabalhos de investigação pelo Congresso Nacional.