Começou mal a CPI da Saúde, instalada pela Assembléia Legislativa com a finalidade de investigar os problemas relacionados ao setor em Cuiabá, que vive sob caos por causa da greve dos médicos e pedidos de demissão em massa. Motivo: a deputada Chica Nunes (DEM), mas que até recentemente esteve como parlamentar do PSDB, quer ser a relatora dos trabalhos. A parlamentar é alvo de pesadas denuncias de desvios de mais de R$ 6,6 milhões quando era presidente da Câmara Municipal de Cuiabá. Além dela, está na CPI, como suplente, o deputado Alexandre César, investigado pelo esquema de caixa dois em sua campanha eleitoral.
Além de Muniz e Chica Nunes estão indicados para a titularidade da Comissão os deputados Sergio Ricardo (PR), que já fez dois projetos eleitorais para ser prefeito de Cuiabá; o médico Walace Guimarães (PMDB), que até recentemente esteve no DEM e o novato Antônio Azambuja (PP). Para a suplência, além de Alexandre Cesar (PT), foram indicados Mauro Savi (PR), Adalto de Freitas (PMDB), José Domingos Fraga (DEM) e Maksuês Leite (PP).
Os indicados agora esperam somente a publicação no Diário Oficial para definir o vice presidente e o relator, já que na sua pagina no Twitter, a rede social e servidor para microblogging, o deputado Percival Muniz já se intitulou presidente. ” Com base no artigo 378 do regimento interno, a presidência ficará sob a minha responsabiliadade, pois fui o primeiro signatário do requerimento” – ele escreveu. Muniz pediu que os indicados possam se reunir amanhã, no intervalo entre as duas sessões plenárias do dia, para eleger o relator e o vice-presidente da CPI, para que os trabalhos tenham início.
Na sessão, o deputado Guilherme Maluf (PSDB) pediu que a CPI da Saúde não ignore que o tema é de responsabilidade da União, do Estado e do município de Cuiabá e que todos devem estar engajados para solucionar o problema. “A Santa Casa de Cuiabá, por exemplo, tem 135 leitos, mas usa apenas 30% desta estrutura, logo, falta gestão para o uso da estrutura de saúde em Mato Grosso. Peço que as autoridades entendam que hoje temos necessidade de um serviço público de saúde que seja referência estadual e não apenas um local que apenas a capital tenha que sustentar” – ele acentuou.
No começo da semana, o deputado Muniz garantiu que não pretende politizar o debate sobre o tema. “O principal objetivo da CPI é dar transparência à aplicação dos recursos. O Governo do Estado fala que está passando mais dinheiro que sua obrigação, já o Município reclama que os recursos não estão sendo suficientes. A CPI poderá levantar tudo isso e se for comprovado que os recursos não são suficientes, vamos discutir formas de se aumentar esses repasses. O que não podemos é permitir que as pessoas continuem morrendo à míngua” – disse.
Na Câmara Municipal, o vereador oposicionista Ludio Cabral, do Partido dos Trabalhadores, sustenta já ter cinco assinaturas para levar a frente o projeto de criação de uma CPI no âmbito municipal. Ainda faltam duas. O petista alega que o sistema de saúde entrou em colapso e a Câmara tem a obrigação de investigar a crise externada com a greve e pedido de demissão de médicos da rede pública.