Liberado para trocar de legenda sem correr riscos de perder o mandato, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o governador Pedro Taques (PDT) diz não considerar a possibilidade de sua mudança de partido causar um racha no grupo político formado em 2014 para apoiar sua candidatura ao Palácio Paiaguás. Segundo ele, aliás, a possível troca de sigla não será uma decisão que tomará sozinho, mas sim debatendo com as agremiações envolvidas neste bloco.
O presidente do PDT em Mato Grosso, deputado estadual Zeca Viana, já deixou claro, no entanto, que a relação do partido com aquele para onde Taques migrar pode, sim, ficar abalada a ponto de a coligação realizada em 2014 não ser reeditada nas eleições municipais de 2016. Taques não acredita nesta hipótese, assim como também descarta o nascimento de qualquer rusga, por exemplo, entre o PSDB e o PSB e o PPS. Os dois últimos ensaiam uma fusão e, juntos, pleiteiam a filiação do governador, assim como a legenda tucana vem fazendo há algum tempo.
“Não estou avaliando isso [possível racha]. Estou pensando o que é melhor para Mato Grosso e para o nosso grupo político. Quanto à fusão do PPS com o PSB, por exemplo, o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), nos apoiou, assim como o prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz (PPS), então, não existiria problema algum. Também não é o fato de eu sair do PDT que vai fazê-lo mudar. E o PSDB sabe que recebi convite de outros partidos. Não tem nenhum problema nisso”, garante Taques.
Uma eventual rusga entre aquele que sair perdendo na disputa pela filiação do governador com o vitorioso nesta empreitada também já foi descartada pelos presidentes do PSDB e do PSB em Mato Grosso, respectivamente, os deputados federais Nilson Leitão e Fábio Garcia. Eles, inclusive, têm como principal objetivo para o pleito de 2016 manter as duas legendas unidas na maior parte possível do Estado, apesar dos planos individuais de cada um em conquistar mais prefeituras e vagas em Câmara Municipais.
A decisão de Taques em deixar o PDT ficou mais próxima de se tornar realidade depois que o STF considerou inconstitucional uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que estendia para cargos majoritários as regras de infidelidade partidária válidas para os detentores de mandatos proporcionais.
Para o governador, a decisão da Corte Suprema foi acertada e recolocou “no lugar correto uma discussão que nem precisaria existir”. “Eu vejo a decisão do Supremo como absolutamente correta. Já li o voto do ministro [Roberto] Barroso, que foi o relator. Ele argumentou assim: imagine, o senador que muda de partido, perde o mandato e assume o seu suplente, que é de outro partido. O partido que pediu o cargo não teria nenhum benefício com isso. É o mesmo caso do governador”, defendeu.
A direção do PDT nunca chegou a afirmar pontualmente que adotaria medidas contra o mandato de Taques, caso ele optasse por deixar o partido. O deputado Zeca Viana sempre fez questão de sustentar, no entanto, o direito que a legenda tinha de fazer isso, se julgasse necessário. No início do mês, chegou afirmar que o assunto seria discutido com a Executiva Nacional durante uma convenção da legenda, realizada no Rio de Janeiro.
Diante disso, o governador pontuou que tomaria uma decisão somente após a aprovação do projeto da reforma política, em discussão no Congresso Nacional e que deve ter este item debatido. Agora, Taques antecipa apenas que deve anunciar sua escolha “dentro de um prazo razoável”.