A onda de críticas sobre as ações a cargo da Agência Executora da Copa de 2014 (Agecopa) atingiu a esfera federal. Diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot (PR), se alia aos insatisfeitos com os trabalhos da entidade. Pagot destaca demora das obras, questiona a proposta sobre modais de transporte e revela dificuldades para liberação do total de R$ 376 milhões destinados ao eixo da mobilidade urbana, com empenho de apenas R$ 10 milhões. Presidente da entidade, Eder Moraes, não se faz de rogado e rebate as declarações em posição de enfrentamento: "Esse clima de pessimista do Pagot não vai contaminar os trabalhos, que serão realizados dentro do cronograma previsto".
Em entrevista concedida pelo diretor-geral do Dnit à TV Record Canal 10, uma das empresas do grupo Gazeta de Comunicação, ele foi enfático ao afirmar que existe atraso na execução de obras. "Estão atrasadas, já deviam ter começado". Disse que as obras de mobilidade urbana "estão pegando carona com as obras da Copa", ao explicar que os principais itens previstos e exigidos para o Mundial dizem respeito à construção da Arena Multiuso, a garantia de melhorias no aeroporto Marechal Cândido Rondon e a projetos relativos à segurança pública e saúde.
Analítico, disse que as discussões sobre os modais VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) e BRT (Bus Rapid Transit) deveriam ser substituídas por planejamento macro para viabilização de sistema viário ampliado, contemplando melhorias em pontos de interligação entre Cuiabá e Várzea Grande. Ele entende que os municípios não estão preparados para implementação dos modais nesse momento. Questiona ainda o valor do sistema e o prazo para conclusão dos trabalhos de desapropriações. "Desapropriar em 30 meses, eu tenho dúvida. E quem vai pagar o subsídio? O Estado ou o município?".
Foi mais além ao lembrar que será preciso empenho da bancada federal e do governo do Estado para assegurar a liberação do montante previsto por meio de convênio entre o Dnit e o Executivo, direcionado a obras de mobilidade urbana.
Outro lado
Eder Moraes rebateu as críticas e "devolveu" a responsabilidade a Pagot no que se refere aos recursos "parados" da ordem total de R$ 376 milhões. O presidente da Agecopa lembrou que cabe a Pagot resolver o impasse, já que sob gestão do diretor-geral foi firmado convênio entre o Dnit e o governo de Mato Grosso "sem a devida participação do Ministério do Planejamento". Afirmou ainda que a questão atravessa dificuldades "porque Pagot se comprometeu com algo que não era de sua alçada". Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, solicitou cópia do convênio e pediu prazo de 30 dias para responder.
"Alfinetou" ainda mais ao lembrá-lo que questões relacionadas ao modal de transporte só cabe a Agecopa e aos municípios envolvidos decidir. Reafirmou compromisso de que dentro do modelo determinado pelo governador Silval Barbosa (PMDB), com apoio da auditoria dos órgãos competentes, irá cumprir com as ações referentes a "todos os projetos, cada um a seu tempo".