O empresário Valdebran Padilha, apontado como intermediador da negociação do dossiê contra tucanos em 2006, rompeu o silêncio após anos afastado do noticiário e afirmou desconhecer a ligação do senador Blairo Maggi (PR) e do ex-deputado federal Carlos Abicalil (PT) com o episódio. Também defendeu a retomada das investigações diante do suposto envolvimento de ambos revelado pela revista Veja. A defesa dele alega que isso poderá levar ao arquivamento do caso mediante a prescrição.
Preso com o grupo que carregava R$ 1,7 milhão para compra do dossiê contra tucanos, Valdebran afirmou ontem nunca ter conversado sobre o assunto com o ex-deputado, muito menos recebido do ex-governador na negociação. Isso foi citado pelo ex-bancário Expedido Veloso em entrevista à revista Veja. A ligação de Maggi e Abicalil serviria para envolver os ex-senadores Antero Paes de Barros (PSDB) e Serys Marli (PT) com a máfia dos sanguessugas. A ação em Mato Grosso teria inspirado a mesma estratégia para prejudicar José Serra (PSDB) na disputa pelo governo de São Paulo.
Valdebran foi considerado por anos como principal arrecadador da campanha de Abicalil, mas, desde que estourou o escândalo do "dossiê", perdeu o contato com o antigo amigo. Procurado por A Gazeta, ele disse ontem que o único papel que teve na trama era de viabilizar a arrecadação do dinheiro para financiar apenas o dossiê apreendido e que prejudicaria Serra. Os recursos serviriam para pagar os empresários Darci e Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que teriam a missão de criar denúncias para incriminar adversários.
O ex-petista assegurou ainda que não sabia para quem era, quem dava o dinheiro e contra quem seriam usadas as informações do dossiê. Sobre retomada das investigações solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF), diz que o caso poderá finalmente ter um fim, já que ninguém foi condenado nesses últimos 5 anos. Responsável pela defesa de Valdebran, o advogado Roger Fernandes também concorda com a tese de que novas investigações da Polícia Federal poderão levar ao arquivamento do caso pela prescrição.
Silêncio – Apontado como integrante da trama, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin se recusou a comentar o envolvimento do ex-governador Blairo Maggi e Carlos Abicalil. Ambos também não retornaram as ligações para falar sobre o assunto.