Será prorrogado por 30 dias o inquérito da Polícia Federal que investiga fraudes em licitação na região do Araguaia que conforme dados da Controladoria Geral da União (CGU) gerou prejuízos de R$ 38 milhões aos cofres públicos. Isso se deve a decisão da juíza Vanessa Perenha Gasques que rejeitou parecer do Ministério Público Federal (MPF) para prorrogar a prisão dos 26 envolvidos na Operação Atlântida. Com a liberação dos acusados, a delegada Luciane Alves não conclui mais as investigações nesta semana conforme previsto inicialmente.
Investigações já duram 9 meses, o que leva a ter vários documentos como fotografias que revelam falhas técnicas das obras fraudadas e depoimentos de testemunhas. Agora, o tempo extra será utilizado para análise dos materiais apreendidos na sexta-feira (19) durante mandados de busca e apreensão cumpridos pelos agentes da Polícia Federal. Um dos trabalhos também será o cruzamento dos depoimentos dos envolvidos que estão espalhados em diferentes pontos de Mato Grosso.
A apuração da Polícia Federal revela que desde 2001 um grupo de empreiteiras era favorecido nas licitações ofertadas pelo poder público por meio de direcionamentos dos editais. Percebeu-se a existência de uma organização criminosa especializada em fraudar licitações para apropriar-se de verbas públicas federais. Havia um conluio das empresas que se beneficiavam de cláusulas restritivas e a liberavam pagamentos para projetos já concluídos. O dinheiro desviado seria repassado pelos órgãos federais como Ministério das Cidades, Ministério da Integração Nacional e Ministério da Saúde, porém, não ficou comprovada a participação de nenhum integrante do primeiro escalão do governo federal.
Os 26 envolvidos até aqui no dano aos cofres públicos deverão responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica, formação de quadrilha, peculato (apropriação indevida do dinheiro público) e advocacia administrativa (funcionário) público que usa o cargo para interesses privados). Ainda é investigado a suspeita de recebimento de propina a quatro servidores já afastados da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) que tinham a incumbência de fraudar licitações que envolviam obras com recursos do governo federal.
Conforme A Gazeta divulgou, o depoimento de um contador que aceitou contribuir com as investigações em troca de redução de pena, aponta que o deputado federal Wellington Fagundes e o prefeito de Barra do Garças, Wanderley Farias, receberiam propinas de 20% do valor da obra que fosse conduzida pelo empresário Luiz Antônio Jacomini. O parlamentar nega qualquer participação e alega viés político nestas acusações.